Duro e seco, passa.
Fui endurecido a duras faces. Faces escuras, excluídas de qualquer fecho de luz. Fui talhado para sentir menos as cores que a mim se apresentassem. Fui jogado a mesa, como dados a sorte, e ela tive. Vivi para prosperar o amargo. O mundo criou a criatura que dele faria desprezo. Sou cria dos atos, das virtudes, das bondades, das dores, do desprezo e da má vontade em prestar ao próximo. Sou eu, o homem que pensou. Pensei, e logo deixei de existir, engraçado, antes, o contrario se dizia, por pensar, desisti de acreditar nos homens, em mim. Pensei, logo herdei tudo o que havia de mais nefasto no universo. O ódio dos homens, as mentiras, as dores, o desconforto de ser uma criatura frágil em meio a leões. Me fiz forte com o desespero, me tornei mais ágil com as agressões, me senti melhor ao retornar as traições e me vingar de minha própria casta.
Me fiz, pedra a pedra um muro distante de tudo e todos. Sou muro, sou muralha, me tornei a força que arranquei de seu ultimo suspiro. Sou a vida, e trouxe a morte aqueles que então, um dia se disseram dono de qualquer vida e verdade.
Sou assim, parte de tudo, pedaço de nada. Estou em você, em mim, sou tão bom e tão ruim quanto seus pensamentos podem ir.