Olhos emocionados não se esquece - BVIW
Algumas trocas de olhares são inesquecíveis. Levamos para a vida toda, independente de conhecermos ou não a quem pertencem. Ainda mais quando vinculam a pessoa a temas que nos são importantes. É um tipo de relacionamento que parece acontecer no paralelo do cotidiano de cada um e que, de alguma forma, aproxima as pessoas com interesses em comum.
Em 2024, quando lancei o romance “Buraco de dentro”, no Passeio Público, no Centro de Fortaleza, uma senhora que eu nunca havia visto me falou que havia saído do trabalho para comprar o livro. Quando autografei e a abracei, ela se emocionou dizendo que um dos assuntos que o livro tratava - moradia na rua - a tocava bastante, por haver conseguido que um homem deixasse as ruas e voltasse para casa.
Semana passada, durante a XV Bienal Internacional do Livro do Ceará, revi aqueles olhos. O encontro foi uma coincidência. Ela estava acompanhando uma amiga, Valeria Gago, que queria comprar meu novo livro, “Caso porque te amo, mato porque me amo”. Perguntei o nome dela. Assim que Regina Andrade me disse que tinha estado no lançamento do ano passado, foi como se eu sentisse aquele abraço que trocamos.
Nos emocionamos de novo quando ela mostrou a nossa foto de 2024 no celular. Regina disse que nunca ia me esquecer por ter abordado, em livro, temas que a maioria prefere fazer de conta que não vê: os que moram nas ruas e os que catam lixo. E eu nunca a esquecerei pela emoção que expressa por ter tido a oportunidade de contribuir para que um homem que vivia nas ruas, retornasse ao convívio da família.