Saudade

Aqui, neste presente momento, temos mais uma vez, para não perder o costume, o som chato do meu vizinho. Será que em algum dia aprenderemos a viver numa coletividade? Onde todos vivam em plena harmonia, respeito e paz? Ou será isso uma utopia? Ultimamente, nem estou tendo gosto de assistir à TV, porque vemos apenas violência, sangue e morte. Hoje mesmo, um animal matou uma criança de um ano com um tiro na cabeça. Onde anda o respeito ao próximo e o temor a Deus? Eu morrerei e nunca compreenderei como um ser racional, dotado de consciência e raciocínio, possa cometer tamanha atrocidade.

Se não bastasse tudo isso, hoje foi embora o meu amigo Adair e família. O ruim de recebermos visitas é que, na hora da despedida, eles partem e fica um enorme vazio para trás. Agora, nesse instante, o meu coração está com a dor da saudade. Olho para as quitinetes e não vejo ninguém. Elas estão vazias e silenciosas. Foi tão boa a presença deles aqui.

A irmã Lúcia deu um descanso para a minha esposa, assumindo as rédeas do fogão. Isso é bom, para matar a saudade da comida mineira. Tudo estava uma delícia: a carne cozida, o angu de milho-verde, coxa e sobrecoxa assada. Assim como eu, eles também são apaixonados por taioba. Que bom, somente assim o meu taiobal tem moral. Degustamos essa preciosa verdura no sábado e no domingo. E o mocotó de pé de frango estava uma delícia. Sei que muitos não gostam, no entanto, eu amo de paixão.

Pela primeira vez, o filho deles, Davi, nos visitou. Espero que agora, aprendendo o caminho, volte mais vezes. O Davi foi um pouco intruso, rs. Pelo menos, no instante em que ele foi concebido, surpreendeu o pai e a mãe. Sua mãe tinha pouco tempo que se restabelecera da gravidez do Júlio. Como o tempo voa, parece que foi ontem quando o casal, na cozinha do nosso apartamento, anunciou a surpresa. Agora está diante de mim: um homem casado, engenheiro elétrico e pai de duas lindas moças. Como não posso ver o desenvolvimento de meus filhos, vejo os filhos dos meus amigos se desenvolverem.

E o meu amigo Adair, durante um bom tempo, correu atrás da aposentadoria. Agora, com sete anos aposentado, pode dar-se o luxo de fazer suas viagens, sem se preocupar com o trabalho. Se tem uma pessoa que mereceu de fato uma aposentadoria, foi ele. Ele é serralheiro dos bons, quantas vezes pude contemplar esse homem chegar em sua casa exausto, depois de um dia difícil de trabalho.

Juntamente com eles, chegou aqui em casa Amora: uma cadelinha da raça lulu da pomerânia. Que coisa fofa essa cadelinha. Em momento algum late, é super carinhosa e educada. Quando ela queria fazer as necessidades, ia logo para perto da porta avisando que queria desafogar, rs. No sábado à noite, fomos a Nova Viçosa e eles a deixaram sozinha na quitinete, e em momento algum deu um latido sequer.

Só sei que foi maravilhoso contar com a companhia deles aqui em casa. Que o Senhor os abençoe sempre. Agora resta-me esperar o tempo passar, para que, com ele, vá embora o vazio e a saudade deixados por eles.

Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 18/11/2024
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