Lar, doce Lar!
Meus queridos, me desculpem, esse assunto não é inédito; no entanto, escreverei mais uma vez. Quando a gente gosta de algo, temos mais é que fazer publicidade, concordam comigo? A impressão é que estou viciado em escrever, escrever qualquer coisa, desde que estejamos cronicando. Quero falar sobre o meu lar, doce lar. Já fiz três poemas e escrevi uma crônica para a minha casa e, neste instante, escreverei outra, rs.
Sabe, meus queridos, a minha casa é um lugar muito simples, aqui na cidade de Mucuri, na Bahia. Ela não tem nada de beleza, puxou o seu dono, rs. Talvez porque ela não desperte tantos amores, no início, não gostava muito dela. Justamente pelo fato de ter semelhança com uma casa de fazenda.
A minha casa se estende por dois lotes amplos, totalizando 720 metros quadrados. Na frente da casa, ao invés de um portão, tenho uma porteira. Gente, vocês acham que estou zoando? Estou falando sério. Quando chegamos numa fazenda, a entrada é um portão de madeira coberto com telhas coloniais. Da mesma forma é o portão daqui de casa, rs.
Coitadinha, demorei quase um ano para me acostumar com ela. No início, a nossa relação foi um pouco traumática. Para todo lado eu via defeito nela. Eu era muito duro, sempre olhava para ela com cara feia. Ela chegava a borrar de medo, devido à minha fealdade. Entretanto, nada melhor do que o tempo para curar as nossas sandices. E depois de um certo tempo, creio que por obra do Senhor, o meu conceito em relação a ela foi mudando.
Em um lote fica a minha casa e, no outro, as três quitinetes. A minha casa tem três quartos, dois banheiros, sala, cozinha e é toda avarandada. Não é de laje, é forrada. Como já frisei várias vezes, tudo na vida tem a sua dualidade: tem os prós e os contras, o pacote é completo. Pelo fato de não ser de laje, é muito fresca. Às vezes, traz um quê de nostalgia, rs. Quando a chuva é mais intensa, o orvalho cai em minha face e amo tudo isso.
Fico zombando da bichinha; todavia, ela está na moda. A minha casa imita um pouco o conceito aberto, rs. Da cozinha, vejo a minha sala, viu como estou chique, rs. Passei a observar que claridade e ventilação são algo imprescindível numa casa. Graças a Deus, a minha casa é bem ventilada e clara.
Mexe e vira, nos grandes centros tem racionamento de água. Aqui, graças ao nosso bom Deus, nunca faltou água, tenho um poço. Aos poucos, Deus foi transformando tudo. A paz passou a habitar em minha casa. Onde havia frieza, Deus colocou o amor; onde havia rejeição, Deus colocou aceitação. Só sei que hoje morro de amores por minha casinha.
Hoje, não me importo muito com o estilo da minha casa. Muito pelo contrário, quero que ela pareça uma casa de fazenda, da minha fazenda. A tubulação da pia da cozinha termina no quintal. Teve uma vez que eu iria embutir os canos e colocar uma caixa de brita. Cheguei a conversar com um pedreiro sobre isso. De repente, comecei a pensar nos sabiás: se eu fizer isso, eles não vão mais tomar água e nem comer os dejetos do almoço. Resolvi deixar do jeito que está para não prejudicar os bichinhos.
A água da minha amiga Feiosinha também cai no quintal. Eu matutava o que fazer para aproveitá-la. Foi então que tive uma luz. Fui até a casa do saudoso Pereirinha, que Deus o tenha lá no céu, e pedi a ele uma batata da sua taioba para que eu plantasse em casa. Como sei que taioba gosta de muita água, plantei onde a água da ducha cai. Essa ideia foi tão fascinante que aquela batata virou um taiobal. Aquele cantinho fez tão bem para as taiobas que, um dia, uma mulher veio me pedir umas folhas. Quando ela viu o tamanho delas, desistiu de levar, porque achou que era venenosa. Disse ela que a taioba que ela conhece tem a folha pequena e não esse folhão com quase um metro, rs. Mesmo eu enfatizando que era a verdadeira taioba, ela não quis.
Antes de finalizar, quero comentar um pouco sobre as minhas quitinetes. Moro há 250 metros da praia, devido a isso, sempre estou locando-as. De repente, algum inquilino pede para dar uma incrementada nelas, querendo um pouco mais de conforto. Vou logo dizendo para eles: Se querem conforto, procurem uma pousada, agora se querem paz podem ficar aqui. Graças a Deus, tenho uma boa clientela, a maioria das pessoas que vem aqui, volta outra vez. Cada inquilino que chega até aqui, encaro como uma benção de Deus. Não posso oferecer a eles luxo; todavia, ofereço muito carinho e disposição. Sempre oro por eles e peço a Deus que aqui eles possam sentir muita paz. Jesus Cristo disse: A minha Paz vos dou, não como o mundo a dá. Por isso, ofereço a eles o que tenho, muita paz.
Atualmente, só tem uma coisa que gostaria de fazer na minha casa. Tinha vontade de fazer uma manutenção caprichada nela, infelizmente, o dinheiro anda escasso, rs. Uma vez, cheguei a pensar na hipótese de escrever uma carta para o Luciano, do "Lar, doce Lar". No entanto, a sorte não é minha amiga. Se depender de ganhar algo desse jeito, estou lascado. Nunca ganhei nada, nem em rifa, nem cerveja no palitinho quando eu bebia. Também, não custa tentar, sabe lá que estou com o fedegoso virado para a lua, rs.