Dos tempos escolares
Alguém se lembra dos tempos da escola? Certamente, quase ninguém se esquece dessa época.
Quando uma criança está na escola, mais precisamente as maiores, que já se encontram no fundamental I (1° ao 5° anos), há, em demasia, muitas delas que não gostam de estar lá. Aqueles que já estão nas séries maiores, não vêem a hora de a época acabar "não aguento mais a escola!". Pois é.
Fato é que quando menos percebemos - ainda mais agora, vocês têm notado como o tempo tem passado rápido? - aquela fase que nos parecia inacabável, cansativa, cheia de deveres a serem cumpridos, acaba. O que todos acreditam é que dali para frente haverá mais liberdade.
Não neguemos, todas as fases têm suas belezas. A diferença é que os deveres só aumentam e aquele cochilo à tarde que podíamos tirar após o almoço não nos é mais tão factível.
Há alguns meses, lecionando uma aula a um de meus alunos, ensinava-lhe sobre os verbos de ligação. Ah, eu sei, muita gente vai torcer o nariz nesse momento. Os apaixonados pela Língua Portuguesa são a minoria, admito.
Apesar de termos diversos recursos didáticos prósperos, vez ou outra um tradicional bate à porta. Enquanto explicava ao garoto os verbos, lembrei-me de uma aula que eu participei, nos meus tempos de colégio. Eu estava na primeira série do colegial, e a professora nos dizia sobre tal assunto. "Sabem como podem se lembrar dos verbos de ligação? Usando a mnemônica!".
"O quê?", todos estupefatos se expressavam. "Mnemônica é uma técnica de memorização para fixar conteúdos complexos; sendo assim, lembrem-se de tais letras: ACEF PAPER SETOR para recordarem quais são os verbos de ligação".
À época, parecia algo estranho, esquecível. Passados mais de 15 anos, não me esqueci nem dos verbos, nem da palavra esquisita que me formava na mente a figura da Mônica e do Cebolinha.
Não poderia imaginar que eu mesma a reproduziria. Ensinar a língua materna, mesmo esta sendo a disciplina por mim mais encantadora, parecia-me impensável, afinal é um desafio, já que nosso idioma, além de belíssimo é provocador.
Essas situações, corriqueiras e comuns na dinâmica escolar, são as que nos fazem lembrar com doçura dos tempos que não voltam. Elas não necessitam de técnicas, afinal ficam memorizadas, espontânea e inesquecíveis, no nosso coração.