Eureka Paz

Logo após meu enfarte, ocorrido no dia 17 de agosto de 2024, fiz um propósito de não esquentar a cabeça com nada, especialmente em relação ao futuro. Entretanto, isso é impossível. Por mais que eu me esforce, sempre me vejo preocupado com alguma coisa. Ontem, acordei com um tremendo mau-humor. Com certeza, isso é devido ao excesso de preocupação. Em certos momentos, tenho até vergonha de olhar para Deus. Ele, lá de cima, deve pensar o quanto seu filho é ingrato, sempre reclamando de tudo. Coisas tão pequenas me consomem. Será que existem outras pessoas iguais a mim?

A preocupação da vez é a porta almofadada da sala da minha mãe. Os cupins comeram um dos quadrados inteiramente. Fiz uma inspeção visual nela toda. Ainda bem que foram bonzinhos e comeram apenas um quadrado. A partir de então, minha cabeça só fica matutando: tenho que arrumar essa porta antes que minha adorável mãe chegue.

Outro motivo que tem esquentado minha cabeça são os malvados dos pombos. Ah, bichos ordinários! Deve haver algum filhote no forro, porque eles não saem de lá agora. Será que eles são recorrentes em todas as cidades? Aqui em Mucuri, se continuar essa proliferação, teremos que recorrer ao Meio Ambiente. Além de sujar todas as quitinetes com suas fezes, espantam os inquilinos. Só me aquietarei quando tampar a fenda entre o caibro e a telha. Infelizmente, é difícil arrumar alguém que faça pequenos serviços aqui em Mucuri.

Incomodado com minha melancolia, prostrei-me aos pés do Senhor. A depressão é o mal do século. Apenas com medicações não obtemos a cura. Convivo com essa situação há vinte e seis anos. Uma vez, meu psiquiatra me disse que a depressão profunda não tem cura; as medicações servem apenas como paliativo. Para driblá-la, fui ver uns vídeos de português. Ela ainda assolava meu ser. Deitei no tapete da sala e dali não queria sair. Em momentos como este, preciso me atentar; caso contrário, quero ficar apenas recluso. O homem não foi criado para viver em reclusão.

Confessarei algo a vocês. Por favor, não me chamem de sujismundo; todavia, teve uma época em que eu estava tão deprimido que fiquei uma semana no quarto fechado, sem abrir as janelas e sem tomar banho. Foi a fase mais difícil da minha vida. Tinha casa nova, carro novo, móveis novos, plano de saúde e poupança. Infelizmente, nada disso foi suficiente para conter a depressão.

Voltando ao domingo, anoiteceu. Uma luta no meu íntimo era travada. O Espírito dizia: vá para o culto, será bom para você. Outra voz me dizia: para que ir ao culto, se não tenho ânimo para nada? Minha esposa disse: repreende isso, vamos para a igreja. Retruquei: querer eu quero, falta-me forças. De repente, veio a Palavra de Cristo na mente: No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci. Diante de uma palavra tão motivadora, criei ânimo e fui para o culto. O inimigo é astuto. Se eu não tivesse ido, perderia minha bênção. O louvor liberta. Que louvor gostoso! E depois veio a Palavra. Glórias a Deus, voltei outra pessoa, cheio de alegria e paz.

Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 28/10/2024
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