Adeus para o Bidu

Na mesma época em que nasceram Mel, Dida e Muçum, também veio ao mundo o Bidu. Entretanto, o último não teve a mesma sorte dos três primeiros. Eles nasceram no dia 27/02/2023 e, desde então, são tratados a Pão de ló, rs.

Quando o Bidu nasceu, já era possível notar que ele seria um belo cão. Com seu pelo branco como a neve, patas longas e grossas, ele era alegre e brincalhão. Que cachorro carismático! Olhei para ele e pensei: nenhum dos nossos cães tem a beleza do Bidu. Aquele cachorro tão animado merecia uma sorte melhor. Contudo, com menos de seis meses, sua dona mudou e o deixou para trás. Considerei a hipótese da adoção, no entanto, já cuidávamos de cinco cães. Se for para cuidar de qualquer jeito, é preferível não adotar. A razão superou a emoção e decidi não criar mais uma despesa.

Mesmo sem o adotar, dentro do possível, fazíamos o que podíamos. Após ser abandonado, o Bidu passou a viver nas ruas e só voltava tarde para descansar em uma casa próxima. Meu coração apertava ao ver aquele cachorro lindo vagando sozinho. Em um certo momento, minha esposa me perguntou: se não teríamos condições de adotá-lo? Contudo, mesmo que tivéssemos, o Bidu não viveria preso como nossos cães. Sempre foi livre, criado ao relento, como um animal selvagem. Jamais aceitaria o cativeiro. Até aquele momento, parecia que ele estava se virando na rua.

Infelizmente, nos últimos quatro meses, notamos que ele emagreceu demais; as costelas estavam proeminentes. Ele contraiu alguma doença, provavelmente, revirando os lixos. Achamos que era fome e passamos a alimentá-lo todos os dias. No entanto, ele continuava a definhar. Era comum vê-lo parando na calçada de casa à procura de comida.

Aquela situação nos incomodava. Infelizmente, aqui em Mucuri não há uma ONG que cuide dos animais. Se houvesse, nesta hora auxiliaria o pobre animal. Comecei a colocar aquele cão em minhas orações, pedindo a Deus que o curasse ou, caso contrário, que reduzisse seu sofrimento.

Certa noite, voltando da igreja, o vi perambulando pela rua. Ao me avistar, veio correndo até mim, uivando. Passei a mão em sua cabeça e ele se afastou devagar. Com certeza, ele queria me comunicar algo ou talvez estivesse se despedindo.

De repente, o Bidu desapareceu e não apareceu mais. Pensei que ele tivesse perecido, mas um vizinho disse que ele estava deitado no quintal, incapaz de se erguer. Um dia, minha esposa foi visitá-lo e, de repente, me chamou. Desci da quitinete e a encontrei chorando na sala. Logo pensei: o Bidu faleceu. Então, em meio aos prantos, ela me disse: “Ele está tão frágil que está defecando sobre si.” Elevei novamente meu pensamento ao Criador: "ou cuida dele, ou ameniza seu sofrimento." Ontem, minha esposa me deu a triste notícia de que o Bidu faleceu.

Conforme a Palavra no livro de Isaías, capítulo 11, versos de 6 a 9: ‘ O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o leão novo e o animal cevado andarão juntos, e um pequenino os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão comerá palha como o boi. A criança de peito brincará sobre a toca da áspide, e o já desmamado meterá a mão na cova do basilisco. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, porque a terra se encherá do conhecimento do Senhor, como as águas cobrem o mar. ‘

Diante desse texto me encho de expectativas, quem sabe um dia na Canaã Celestial me deparo com o Bidu. Vá em paz meu amigo.

Simplesmente Gilson
Enviado por Simplesmente Gilson em 18/10/2024
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