Caminhos tortos para quem? - BVIW
Quando era adolescente achava chato ouvir conselhos de adultos sobre estudos, planejamento de vida e escolha de carreira que pudesse garantir um bom futuro. Não que desacreditasse das boas intenções. Mas era como se só houvesse “os” caminhos que eles falavam. Fora disso não haveria salvação.
Gerações inteiras ficaram com os ouvidos cansados dos sermões de que deveriam fazer concurso para Banco do Brasil ou Caixa Econômica. Com familiares trabalhando em uma dessas instituições, a pressão era grande. Até fiz a prova, e agradeço minha rebeldia de não ter me preparado para obter a pontuação necessária.
No ingresso para a faculdade, os que gostavam de humanas tinham pesadelos com números para tentar as engenharias; enquanto os que preferiam psicologia se submetiam a cursar odontologia para herdar a clínica do pai. Na minha vez, saí de casa para me inscrever em medicina. Voltei inscrita para jornalismo. E passei! Alguns conhecidos achavam que eu nem era universitária.
O que sempre gostei mesmo foi de fazer minhas escolhas. Se são caminhos tortos para alguém, paciência. Não existe um só rumo, uma só realidade. Tenho muita facilidade com números, mas não queria trabalhar com eles. Admiro a medicina para que seja bem exercida, não necessariamente por mim.
O meu caminho sempre foi o das palavras. Elas são curvas, tortas, têm movimento, geram conhecimento e me trouxeram até aqui.