Era só uma histórinha

Minha esposa e eu estamos casados há nove anos, inclusive completamos aniverário recentemente no dia 19/09. E juntado com o namoro, lá se vão dezesseis anos. Isso é só para mostrar que ela me conhece. Sabe meus trejeitos. Sabe que eu gosto de ler e de contar história. E sabe, pelos trejeitos, se estou contando uma história verdadeira ou colocando uma pitada de Georgisses. Quando estamos sozinhos e eu meto uma histórinha na cara dura, ela se abre na risada. Quando estamos na companhia de alguém, ai tenho uma cumplisse, mas na primeira oportunidade, ela me questiona sobre o que contei e, com ela eu não consigo me fazer de difícil, a risada me entrega.

 

Em uma das nossa primeiras viagens à cidade em que hoje moramos, passamos por uma grande plantação de algodão. era um mar de pés de algodão, todos bem branquinhos, devia ser a época da colheita. Minha esposa observando aquela plantação, disse que era a primeira vez que via tantos pés. Foi então que eu disse que eram transgênicos. E claro, tudo hoje é transgênico. mas eu complementei. "Os pesquisadores da Embrapa fizeram o cruzamento da cadeia genética da planta algodão com a cadeia das ovelhas de modo que hoje o resultado é a produção de lã tipo origem animal em pé de algodões." Pronto. Minha esposa ficou tão impactada com a ideia que comeu corda. E eu ainda complementei: "O mais interessante é quando o vento passa entre as suas folhas, dá para ouvir os balidos como se fossem um rebanho de ovelhas." Tudo bem, peguei pesado, reconheço. Mas, uma conversa que era entre eu e minha esposa, estava sendo ouvida por duas pessoas atrás de nós.

 

Se por acaso essa história se espalhar por ai, já aviso que a culpa foi dos fofoqueiros que ouviram a nossa conversa. Claro que depois eu falei para minha esposa que estava brincando e tal, e ela lembrou logo das pessoas de trás: "George, eles acreditaram..."

 

Em Picuí, tive o prazer de trabalhar com um jovem engenheiro, Rafael Chaves. Uma pessoa inteligentíssima, mas que plantei uma dúvida no seu coração calculista. Como quase todo jovem criado no interior, pouco ou nunca viu o mar. E também tinha pouco interesse em se queimar no sol enquanto tomava banho de água salgada. Sol quente e água salobra, já bastava a de Picuí.

 

Um dia, faltou internet no campus e quando faltava internet era um convite para irmos à sala do café. Conversa vai e conversa vem, eu disse que estava acostumado a ver a costa de Guiné Bissau quando olhava o horizonte lá no Seixas. Eu falei isso de forma despretensiosa. Nem esperei que ele desse cabimento. Mas deu. Ficou pensativo. E me questionou: "E a curvatura da terra?" Me vi num beco sem saída! Pô, o cara era um engenheiro. "Tu sabe que quando a gente está na beira da praia a linha do horizonte fica a determinada altura, mas se você observa de uma altura maior, consegue observar mais longe..." E nisso ele concordou comigo. Peguei o meu cafezinho e fui fazer nada na minha sala. Foi só questão de tempo para ele chegar pedindo para eu contar a história de novo.

George Barbalho
Enviado por George Barbalho em 01/10/2024
Reeditado em 02/10/2024
Código do texto: T8164483
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