Advérbios
Sou apaixonada pela Língua Portuguesa, confesso. Sei que sou suspeita de falar, afinal tenho graduação na área. No entanto, essa paixão não nasceu na faculdade; veio lá de trás, e a história, já relatei num outro texto.
Todas as vezes em que leciono - principalmente nas escolas - os alunos costumam torcer o nariz para as famigeradas "regrinhas". Ou as desdenham, justificando-as como desnecessárias. Não é sempre que se consegue convencer sobre a importância da comunicação até que eles tenham que, de fato, comunicar-se.
Há uma indiferença com as classes gramaticais. Já disse, também, em outra ocasião, sobre a relevância destas. A base para a compreensão de qualquer texto são elas.
Percebi, nos últimos tempos, que tenho usufruído dos advérbios (talvez porque estive estudando-os com meus alunos).
Lembram-se deles? São aquelas palavrinhas que indicam circunstância e modificam um verbo, um adjetivo ou outro advérbio.
Calma, eu sei que ainda soa confuso ou esquecido. Usamos - com demasiada frequência - os de modo: prontamente, anualmente, calmamente, lentamente, frequentemente... Lembraram? Pois bem, aqui estão alguns deles.
Eles têm várias classificações, e o advérbio de modo é uma delas. E é exatamente (olha ele aqui de novo) deles que tenho-me valido.
Tudo o que é demais - e demais, além de ter duas grafias, escrito junto e separado "demais ", "de mais", é advérbio - não é bom. (Quanto a esse ditado, devo discordar; tem certas coisas que são muito boas e podem, sim, ser demais, não me importo).
Mas convenhamos: um advérbio bem empregado, não modifica só o verbo, o advérbio, o adjetivo, a frase; ele intensifica, recepciona e embeleza a comunicação.
Minhas declarações, especialmente as apaixonadas, têm-se apoiado neles: "te amo apaixonadamente, infinitamente!"; "ah, você toca lindamente!"; "Deus te abençoe grandemente, abundantemente!".
Admitamos (e admiremos, por que não?): uma chuva de palavras veementes e intensas.
Depois que a gente se debruça na riqueza da linguagem, o encantamento é inevitável; quando se vê, está mergulhado no infinito reino das palavras. É um mundo rico, riquíssimo, lindo, lindíssimo. Há quem julgue hipérbole, eu ainda prefiro acreditar que é a grandiosidade.
Mais linda que elas, só o amor. Quanto a este, não há divergência: absoluta e inquestionavelmente só há, e belamente, a admiração, benevolência e reciprocidade.