Um dia caótico, inesquecível
No dia 17 de agosto de 2024 avexei com uma areia que estava na calçada da minha casa. Quando isso acontece, não tem jeito, sossegarei, apenas, quando ver essa areia todinha no quintal. Era um dia de sábado, o sol estava escaldante, 10h30 começo encher o carrinho. Às 13h o corpo começou a sinalizar, uma queimação incômoda e um cansaço além do normal que nunca tinha sentido. Achei que esse desconforto era devido ao sol muito quente.
Então dei uma paradinha, sentei debaixo do pé de nim e comecei a prosar com o meu vizinho Néu. Falamos do finado Pereirinha, que nesse mês de agosto completaria um ano do seu falecimento, um vizinho exemplar, muito gente boa. Conversa vai, conversa vem, o cansaço passou. Como faltava só um pouco de areia para ser transportada, dei continuidade no meu serviço. E foi justamente, nesse momento, que comecei a enfartar. Pedi a Deus que tivesse misericórdia de mim. Para não cair escorei na parede, comecei a defecar e vomitar e uma dor muito intensa assolou o meu coração.
Na hora do ocorrido eu estava sozinho. Escorando na parede fui até o banheiro, terminei de evacuar, vomitei mais um pouco. Como ainda estava tonto, sentei no piso e deixei a água escorrendo. Desse modo, aproveitei e banhei-me. Ponderei: Quem sabe se eu repousar, essa dor não passa. Então fui para cama, quando enfartei deveria ser 14h. Infelizmente, as horas passavam, no entanto, a dor permanecia. Quando era por volta das 21 horas, pedi a Edilene para me levar na clínica.
Lá eles mediram minha pressão, estava com 18, fizeram o eletro, constataram que sofri um enfarto. Então acionaram a ambulância e me despacharam para o hotel São José, Itabatã, distrito de Mucuri. Deixo aqui o meu agradecimento à clínica, ela é mais eficiente do que os postos de saúde, que na minha opinião, devido à burocracia, são bastante engessados.
No hospital São José, graças ao nosso bom Deus, foi tudo tranquilo. Na enfermaria tive a oportunidade de conhecer o Sílvio e a sua esposa, Cida e o seu esposo, pessoas super do bem. Todos os funcionários daquele órgão, sem exceção, eram pessoas agradáveis, educadas. Todo dia, eu ficava esperando a sopinha, era uma delícia. Que o Senhor abençoe cada pessoa que contactei nesse local.
Enquanto aguardava vaga em algum hospital para fazer o meu tratamento, orava para que Deus direcionasse um hospital que não fosse tão distante. Deus ouviu nossas orações e no dia 22/08/2024 por volta das 09h chegávamos no tão esperado hospital Costa das Baleias. Infelizmente, como nem tudo é um mar de rosas, a minha recepção seria um caos.
Segundo o site www.saude.ba.gov.br, o Hospital Estadual Costa das Baleias foi inaugurado no dia 10/5/2024 na cidade de Teixeiras de Freitas, com capacidade de atendimento de 23.000 pacientes ao mês. Foram investidos 200 milhões de reais entre, obra, mobiliário e equipamentos, contando com 216 leitos, sendo 30 de UTI adulto e pediátrica. Além disso, dispõe de um avançado centro de bio-imagem equipado com ressonância magnética e tomografia computadorizada, assim como ultrassonografia, mamografia, eletroencefalograma, eletrocardiograma, endoscopia e raio-x. Completando a estrutura, sete salas cirúrgicas e instalações para Hemodinâmica. Futuramente, além de hospital, também, será um importante centro de pesquisas. Com certeza, colaborará e muito para a saúde dos habitantes do extremo sul da Bahia, que carecia de uma unidade tão complexa.
Caso houvesse a necessidade de fazer exames na chegada do Costa das Baleias, fui em jejum. Tal prática, no meu caso, é desconfortável, porque logo ao despertar, o meu organismo exige alimentação. Se eu precisar ficar sem almoço um dia, consigo sem problema. No entanto, é quase impossível ficar sem o break-fast. Como dito anteriormente, cheguei 9 horas ao Costa da Baleia. Minha esposa foi para a recepção fazer a documentação, enquanto eu a aguardava no setor de triagem. Às 10h30, uma funcionária veio até a mim colher sangue. Logo que ela partiu, fui até o enfermeiro chefe e perguntei se havia mais alguma restrição, que me impedisse de almoçar. Ele afirmou que eu estava liberado e que eu aguardasse que a refeição sairia até 12h30. Com a fome que eu me encontrava, seria muito difícil concretizar essa missão, rs. Quase duas horas depois, a minha esposa reaparece da recepção. A funcionária, que preencheu os documentos para a minha esposa, com certeza era novata. Além da demora no preenchimento dos formulários, teve que repetir o processo porque havia preenchido o formulário errado.
Finalmente, os marmitex apareceram. Cada vez, que passava um perto de mim, só sentia o cheiro incomodando-me. E por quase uma hora, as marmitas passearam diante de mim. Para me provar mais ainda, ocasionalmente, chegava uma mulher com a marmita e me perguntava: qual o meu nome. Prazerosamente, falava que me chamava Gilson, achando que era eu, a bola da vez. A mulher simplesmente virava a costa e saia com a refeição. Isso aconteceu por duas vezes. Eu estava literalmente morrendo de fome. Falei com a multidão de pacientes, que antes de falecer do coração, morreria de fome naquele local. Uma coisa que achei errado no hospital, que eles são cheios de normas, que beneficia apenas eles, não dando condições para o paciente. No caso citado, uma vez no hospital, nada pode entrar. Falei com a minha esposa para comprar um lanche para mim, não podia. Então, continuei na dura missão, aguardando a tão esperada refeição.
Infelizmente, o vai e vem cessou, todos estavam com o pandu cheio, somente eu, estava com o meu vazio. Desculpem os leitores, mas fiquei p… da vida. Imaginei que ali, tivesse entre pacientes e funcionários umas três mil pessoas, somente eu fui o premiado. Um sujeito desse, era que minha avó materna dizia ser “cagado de urubu”, rs. Procurei o enfermeiro chefe, ao invés de reconhecer a falha deles, esquivou arrumando uma justificativa. Às 13h45 chegou o tão esperado marmitex, errei ao mandar enfiar aquela refeição naquele lugar. No entanto, quem não faria isso. Como sempre, o governo do Amor não aceita contestações e com sua forma intimidadora chamou o batalhão. Infelizmente, eles só chamam as autoridades para cidadãos do bem. Duvido, que cada um daqueles que solicitaram a presença dos policiais, fariam o mesmo se fossem marginais. Com certeza não, porque não viveriam para contar o caso. Mesmo assim, não arredei o pé e falei que se eles quisessem me levar, que ficasse a vontade. Relatei o fato para os policiais, eles abaixaram a cabeça e retiraram. Com certeza, devem ter observado, que aquele sujeito de alta periculosidade, não passava de uma vítima desse sistema fétido. A minha maior indignação, é que não teve um funcionário que reconhecesse a falha do hospital e viesse desculpar comigo, eu que passei por vilão.
Achei que as confusões encerrariam por ali, todavia, estava profundamente enganado, a noite chegaria e novas aventuras teríamos. Aquele ambiente da triagem é algo desanimador, além de todos os leitos ocupados, os demais pacientes ficavam pelo corredor aguardando a vez para serem atendidos. A sala estava muito fria, só eu que tinha manta, a minha esposa estava tiritando de tanto frio. Não somos robôs, somos seres humanos dotados de sentimentos. Como eu poderia me sentir bem naquele local, se do meu lado a minha esposa gemia de frio? A partir de então, nova balbúrdia aconteceria.
Chamei a enfermeira que estava no plantão e perguntei se podia providenciar um agasalho para a minha esposa. Ela prontamente disse que não. Perguntei, também, se o meu tio, que morava perto do hospital, poderia trazer uma coberta para ela. Novamente de bate pronto ela disse não. Aí perdi a paciência e disse. Vocês estão de brincadeira, querem criar suas restrições, todavia, não oferece a nós o mínimo de condições para obedecê-las. Pensei até em processar o hospital devido a essa intransigência. Foi então que dei a enfermeira uma condição. Ou você arruma um local que nos atenda, ou caso contrário, sairei deste lugar. Teve dois cirurgiões, um de roupa lilás e o outro de roupa verde que falou para enfermeira que deixasse eu ir embora.
Estava decidido mesmo, a vir embora, mesmo que custasse a minha vida. Simplesmente, cansei da frieza, da insensibilidade daquele hospital. Agradeço a assistente social que estava naquela noite, caso eu não esteja enganado, o nome dela é Mary. Ela que com toda calma, conseguiu convencer-me a ficar no hospital e eles providenciaram um local para nós e às 22h30 chegávamos no quarto 29. Dizem que depois de uma tempestade vem a bonança, com certeza, ela haveria de chegar.
No quarto 29 fomos muito bem recepcionados pela enfermeira Priscilla Freire com o seu sorriso encantador. Naquela madrugada, chegaria o segundo paciente, Jaianor com a sua filha, Evelyn. Fomos abençoados com o nosso amigo de quarto, ele é bem tranquilo, sossegado. Todos os dias que passei no quarto 29 foi tranquilo, sem confusão, no entanto, gostaria de ressaltar alguns funcionários. Quero agradecer à turma da Hemodinâmica: Maurício, Natiele, Givanildo, Maya, Kétila, Erique, Ana Paula e Marcos. Estava tão nervoso na hora do cateterismo, no entanto, fui contagiado pela tranquilidade com que o médico executava o procedimento. Esse mundo é muito pequeno, depois que fiz o cateter, fiquei sabendo que o Marcos é casado com a minha prima, que por sinal é um amor de pessoa. Que o Senhor abençoe muitíssimo essa união. O pessoal do Ecocardiograma, o técnico de enfermagem Luan que, também, era bem tranquilo. Quero deixar meus agradecimentos para nutricionista Mayara, para Fabiane, enfermeira da administração e para a psicóloga Francismaire. Depois da avaliação dos exames, continuo em recuperação, porém, na minha casa e marcamos uma bateria de exames que serão realizados na quarta-feira.