PARADA HÉTERO

Se a pessoa é homo, tudo bem, é uma condição especial, inevitável. Discriminar alguém por isto é absurdo, coisa da Idade das Cavernas. Agora, não é preciso exagerar. Muitas vezes a mídia passa a impressão de que ser gay é moderno, quase um dom. Acho que é sexo demais na cabeça. Uma coisa é combater a discriminação, que é desumana e desrespeita o indivíduo, outra, é promover a singularidade, exaltar a extravagância, confundindo a árvore com a floresta. A mídia exulta em manchetes noticiando que mais de três milhões de pessoas floriram as avenidas de São Paulo nesta última Parada Gay. Que bom, festa é festa, mas a maioria de héteros também é filha de Deus e continua acreditando que bom mesmo é o sexo oposto. Palmas para o “orgulho gay”, para o “gay power”, coisa e tal, mas tenho de proclamar também que tenho orgulho de permanecer hétero e gostar de mulher. Será tão difícil de entender? Talvez pareça caretice, mas adoro ser assim, sem desrespeitar aqueles que curtem, digamos, a diversidade. A Constituição impõe respeito a este meu direito, por mais anacrônico que eventualmente seja. Homens e mulheres que pensam como eu até poderiam organizar-se através da rede para uma grande Parada Hétero. Talvez não reúna tanta gente e nem seja um belo lance de marketing, mas pode significar que a gente não vai ser ainda obrigada a mudar de sexo ou a fazer a tal de “opção” que falam por aí. A opressão obtusa não extinguiu a homossexualidade, mas a sua promoção não irá construir uma nova estética para a humanidade. Espero, porque tem sido bonito assim.

José Pedro Mattos Conceição
Enviado por José Pedro Mattos Conceição em 12/01/2008
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