CRÔNICA DO "AMANHÃ TALVEZ"
RECENTRALIZANDO
15/01/2020
Não cessam os posts, textos e memes, de amigos e desconhecidos, raramente originais mas com frequência encaminhados, ou de jornalistas engajados, apontando o dedo indicador para 3 anos sombrios à frente ou 1 ano desastroso para trás.
Ignoram que um barco tenha proa e popa.
Colocam parênteses, colchetes e chaves, muitas vezes com antolhos, abrindo e fechando um ciclo perverso imaginário de um novo e devastador poder anti-social.
Sabemos que existe uma grande revolução na infraestrutra que se formou ao longo de décadas e que se calcificou nas mentes docentes e discentes, estas da juventude ávida por liberdade e quebra de autoridades quer verticais quanto horizontais, e aquelas revestidas de pretensa sabedoria conferida pelos acessos “exclusivos” ao conhecimento e à capacidade de editar.
Então, editado e formatado o período desejado, tudo que soa como erro ou fracasso se deposita neste quadriênio vivido à quarta parte, tentando fazer crer que este enquadramento seja necessário para que venha a ser extirpado em breve tempo, em nome de uma continuidade do que fora interrompido.
Coisas da sequência cíclica e necessária dentro da política mas, como naquela história de “não combinar com os russos”, o retorno se torna menos provável a cada passo do tempo.
Pois este tempo que passa clareia os olhos e retira antolhos, afasta bem para trás os parênteses do início e alarga, mesmo que apenas por fé, os parênteses do fim.
O tempo traz fatos, os não transparentes, tira aos poucos algumas névoas que teimaram em gerar uma espécie de catarata progressiva.
Metáforas, parênteses, sátiras e outras licenças da gramática e da ortografia há muito deixaram de ser de conhecimento público, arrastadas pela educação básica mal feita, pela capacidade de análise, de crítica e de síntese empurraras para baixo dos tapetes das manchetes prontas, curtas e boiadeiras como as “das moças que quase mostram tudo”.
Pois é preciso linguagem direta, em resposta a tanto que se lê.
Não é o melhor governo que temos.
Mas pode vir a ser.
Não é uma ditadura
Não pode vir a ser
Não é fruto de interesses escusos.
É responsabilidade de incompetentes que não souberam nos conduzir tão bem quanto souberam nos enganar, e que sequer conseguiram formar novas lideranças, embora tenham muitos adeptos e combatentes.
Destes, alguns poucos flutuam politicamente sobre a sujeira, mas a maioria submerge sob tudo que fizeram.
A grande maioria de nós todos vive para sobreviver, o quanto e o melhor que puder, e isso passa longe de nossas convicções políticas.
Daí, voltando lá pro início disso tudo, daquilo que recebemos todos os dias, a verdade é que estamos divididos entre os que foram prejudicados ideologica ou financeiramente pela quebra de infraestruturas governamentais outrora vigentes, e os que ainda tem forças ou esperança para apontar os olhos na direção da proa.
Amanhã, vai ser outro dia, de outro amanhã.