O século XXI
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Novos tempos nos quais vivemos. Como num drible de futebol – passa a bola ao meio das pernas dando uma ligeira caneta, olé! – as coisas mudaram. Hoje os costumes são outros, até meio estranhos se avaliarmos com uma mentalidade mais saudosista; mas alguns ainda dirão “Todo passar de geração é assim”!
Mas, embora pessimista, permita-se a reflexão se, de fato, é realmente assim; siga-me nas linhas de raciocínio – linha embolada como emaranhado de cordões – e coloquemo-nos à prosear mentalmente:
"A tecnologia trouxe benefícios,
mas é algo novo,
que ainda estamos descobrindo os malefícios…"
Assim sendo, temos hieróglifos a decifrar nas consequências que veremos nas próximas gerações, pois além de todos outros tempos, este tem novas mudanças, jamais vistas. Um grande desconhecido se espreita mudando muitas coisas, e as empresas, como nunca, estão usando e abusando de recursos para lucrarem com a mais nova “indústria petrolífera”: a atenção. Oh, e como abusam das mentes de gente que ainda é pequena, mas que vai ser gente como a gente; ou será que não serão?
Não trata-se do saudosismo, mas sim da preocupação. O que será dos que não conseguem prender o foco em algo por mais de cinco meros minutos? O que será daqueles que são bombardeados por dopamina a todo momento? A maré da ansiedade banha as cidades mais do que nunca. A depressão tem sido um problema recorrente tratado em diversos meios de entretenimento – afinal, é um assunto em comum entre os consumidores. O ser humano, mais do que nunca, agora se coloca ao perguntar “- O que sou?”. E a dúvida se estende a todo metro do próprio ser:
"Sou homem?
Sou mulher?
Sou ambos?
Sequer sou humano?"
Digo tudo isto de forma respeitosa, pois que, além de tudo, temos problemas em tratar com este tema. A humanidade se encontra num estado como que de “ferida aberta”; Não podemos tocar nos assuntos pois é sensível e passível à mutirão de reclamações – quase linchamento. E se é sensível, devemos ao caridoso dos toques; mas e se até o caridoso dos toques anda provocando reclamação? Logo, se não pode discutir, questionar, procurar conclusão, como haverá solução?
Se tudo isto deriva da tecnologia? Ouso eu, mero mortal, a dizer que é possível. Redes sociais, comparações, procura por aceitação, problemas vivendo conosco – pois que a internet nos trouxe mais perto das notícias ruins do que nunca fomos – questionamentos sobre tudo, ambição de grandes grupos ao ponto de sequer colocarem-se ao perguntar “- O que será da humanidade amanhã?”, tudo isto, ao meu humilde ver, tem deixado os seres humanos num estado de estresse crônico. Os nervos estão mais atacados, cada palavra é motivo para discussão, e a cada discussão uma hostilização até que… Bem, nos encontremos num estado catastrófico em que estaremos desejando voltar ao passado, aos tempos simples. Aquilo que soava como “certo” ontem, e que tanto defendia-se brutalmente, agora parece não tão certo assim. Mataram tantos que, mataram até, enfim, o próprio ego – e finalmente surge a percepção de uma realidade sem polarização, onde o ouvido consegue escutar o contrário e não ferir o próximo pelas opiniões.
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- 2024, Século XXI