Confusão no Ônibus
O sujeito Silva entrou no ônibus lotado, mas logo depois de quebrar a seriedade do motorista com um simples “bom dia” conseguiu avistar um banco vazio bem ao fundo, na última fileira, ao lado de um senhor que aparentava sessenta e tantos anos. O sujeito se sentava calmamente no banco pichado enquanto ocorria o maior empurra–empurra próximo da roleta.
Lá fora, a Avenida Brasil permanecia com o congestionamento infernal, com os gritos do povo e os ruídos das buzinas.
Enquanto as senhoras consultavam seus relógios de minuto em minuto, Silva permanecia calmo. Ele estava ainda relaxado quando levou um susto ao ser abruptamente abordado pelo senhor do banco ao lado.
— José, quanto tempo, meu amigo!
— José?
— Eu não, você é o José, meu grande amigo! Não tenho como esquecer de você, José!
— José, eu?
—Sempre brincalhão, hein, José. Você não mudou nada.
—Brincalhão? Mas o que...
— Por que tanta pergunta José?
—Mas quem é o senhor e por que está me chamando assim?
— Ora, não está me reconhecendo, José?
— Não!
— Como não? Não se faça de bobo, meu amigo. Pensa que vai me enganar desta vez?
— Eu não sou seu amigo e nem conheço o senhor. Deve estar havendo algum engano.
— Mas como você não me conhece, José? Que brincadeira é essa?
— Não é brincadeira nenhuma. Realmente não te conheço e meu nome não é José.
— Qual é o seu nome então?
— É João, João da Silva.
— O que? João? Quanto tempo meu amigo! Como vai o José? Tem alguma notícia dele?