O dia da sua partida
Dez de novembro de 2023, como esquecer essa data?
Era uma tarde de verão. Tinha poucas horas que chegara do trabalho; almocei e deitei para descansar da viagem do trabalho até minha casa (35 km), viagem esta, feita de moto, no sol escaldante do sertão.
Ao acordar, fui para o sofá e fiquei deitada; pouco tempo depois peguei meu celular e me deparei com inúmeras mensagens e ligações de amigos e familiares. Fiquei preocupada e com a certeza que algo acontecera. De imediato fui retornar uma das ligações, porém, antes disso o telefone volta a tocar. Era minha irmã, que estava morando em Minas Gerais. Voz trêmula, chorando e bem aflita, me questiona se era verdade. Eu sem entender nada, perguntei o que houve. Ela questiona: É verdade que encontraram papai sem vida no Rio Ipanema? Fiquei em choque, extasiada, sem nada entender, achando que era um grande equívoco. Respondi que não estava sabendo de nada, me despedi, peguei minha moto e saí para o sítio, na certeza que era realmente um equívoco, que não passaria de um boato. As lágrimas rolavam, mil pensamentos vinham à minha mente. Pedia a Deus que isso fosse um grande equívoco e que quando eu chegasse ao sítio viria meu pai bem, no cantinho que ele sempre gostava de ficar.
Ao me aproximar do lugar citado por minha irmã (Rio Ipanema) me deparei com inúmeras pessoas na estrada. Meu coração que já estava apertado, doía ainda mais. Fui me aproximando e vendo rostos conhecidos: tios, primos, irmão, contudo, quando meus olhos encontraram os olhos de minha mãe, não me segurei, chorei e entendi que não era um equívoco, que era verdade. Dirigi-me até o lugar que o corpo estava. Lá estava ele, sem camisa, e já sem vida, na beira do Rio. A ficha não caio, não quis acreditar que isso estaria acontecendo. Ligamos para o IML e ficamos à beira do rio aguardando o carro chegar, para levar o corpo.
E assim meu pai se foi, deixando saudades e boas lembranças de momentos vividos.