Crônica sobre nada

Hoje, o leitor terá que deleitar-se no mais simples e puro assunto que esta crônica vem a carregar: o nada. Podem argumentar criticamente para com minha pessoa “- Como assim nada? Hoje em dia pode-se escrever sobre tudo!” e eu concordo de forma plena com quem acometer-me a crítica, por isto escreverei sobre nada, e “nada” é uma coisa. Acontece que me peguei sem aquela fervorosa inspiração que coloca meus dedos ao digitar desenfreadamente como se estivessem famintos para devorar as teclas do computador, dilacerar o plástico, sugar as letras impressas nestas humildes teclas que enviam zeros e uns ao atarefado processador; ora, que trabalhador mais invejável este meu processador, um i3 se me permite os detalhes técnicos da coisa, mas que o leitor não se preocupe, não irei adentrar nos assuntos tecnológicos, pois como vê, estou falando sobre nada.

E sobre o grande nada, também deve-se situar que é isto que vêm acontecendo nos últimos dias. Fora a grande honra que tive em ser selecionado para participar de uma antologia poética, nada vem me acontecendo, ou acontecendo aos arredores. Engraçado o nada acometer tanta coisa, pois geralmente o mundo é como uma criança hiperativa, anda sempre agitado. Mas o “nadismo” desse momento me preocupa, pois parece sinal de que algo grande possa ocorrer. Espero que seja grande felicidade, pois de más notícias já bastam todos os jornais diários.

Ah sim, também não devo faltar a citação do nada para com as ruas de minha cidade, que tanto nada trazem. Mas sou recluso das festanças, portanto é possível que fique desinformado sobre fofocas das quais poderia trazer; mas é uma desinformação que também me levou ao nada tratado nesta crônica. Para não dizer que nada aconteceu no geral, fora comemorada a festança de São João na Igreja Católica local. Ocorreu no Domingo e trouxe gente de toda parte afora. Devo dizer ao leitor, nunca vi tanto carro por aqui, vivo em zona rural atualmente então isto é novidade. Mas apesar da grande empreitada de São João, não fiquei sabendo de nada, ora! Que festança é essa da qual não surge grande fofoca?

Pois também direi que no meu ambiente de trabalho, fora a preguiça, também nada se sucede. Depois de um período afortunado de algumas semanas sem precisar ir ao trabalho, voltei com as mazelas da preguiça e corpo mole. Odeio ficar parado durante muito tempo, torna meu corpo preguiçoso para recomeçar os ofícios, também por isso estou escrevendo sobre o nada.

Mas se com nada comecei, também com nada vou acabar, já falei demais aqui! Meu sincero perdão fica para o leitor pois, divaguei “enchendo linguiça” nesta crônica sem pretender que fosse alguma revolução literária. Então, assim acabando minha crônica sobre o nada, fique também com este final — com sua licença poética — sem nada: .

26 de Junho de 2024