VIVA À CRÔNICA

Um amigo dia desses me perguntou qual é o meu gênero preferido de escrita. Sem titubear respondi-lhe: crônica. É que na crônica cabe de tudo um pouco.

Na crônica cabe uma história pequena, média e um pouco maior que a média, mas não tão grande, porque senão poderá se transformar num conto, outro gênero diferente. E nem tão pequena, também, para não virar um bilhete.

Na crônica cabe assunto sério e jocoso. Talvez por isso muita gente não leve a crônica tão a sério e quando se depare com uma pense logo que é conversa de pescador. Quero dizer que na crônica cabe verdade e exagero que podem beirar o terror, a poesia, o humor. O cronista tem a malemolência de transitar entre o jornalismo e o stand up, e quase ninguém o apedreja por isso, claro, sempre têm aqueles que são capazes de levantar um cancelamento contra alguém por qualquer motivo, mas eles passarão e o escritor, passarinho, como disse Mário Quintana,

Lembro-me de um texto de Luis Fernando Veríssimo onde ele compara o cronista à Sherazade, que dia após dia vai ganhando o direito de viver a cada história contada. Bem, isso para os que dependem das letras para ganhar o pão, a gente por por aqui está mesmo pelo prazer e também se não escrevermos (pelo menos eu) a cabeça explode e morremos por acúmulos de pensamento.

Arnaldo Jabor me encantou quando adolescente. Ruy Castro e Mário Prata li na universidade, nas aulas que matava para não ser morto de tédio. Recentemente encontrei três livros de Rubem Braga comprados há quase quinze anos, três relíquias que estou relendo com todo prazer. As crônicas de Machado e Lima Barreto deveriam ser obrigatórias, principalmente as de Lima Barreto. Umas crônicas boas também tem o escritor paraibano Bráulio Tavares, no seu site "Mundo Fantasmos". Vale muito a leitura.

Para não falar apenas os de fora, leio também os grandes cronistas do Recanto. Sim, aqui também tem uns bons de letra que suas fotografias não ficariam nada acanhadas numa galeria junto aos grandes nomes conhecidos nacionalmente.

Acho que deixei claro que sou chegado a uma crônica.

Abraços.

George Barbalho
Enviado por George Barbalho em 25/06/2024
Reeditado em 25/06/2024
Código do texto: T8093383
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