Numa conversa com Deus (2) - Culto a São Jorge da Capadócia!!
Era uma vez um cavaleiro muito honrado.
Ele não hesitava, ele não temia.
Uns diziam que ele não temia a morte.
Mas ele mesmo por vezes acreditava que queria a morte.
Mas a morte dele fugia.
E esse cavaleiro tinha uma amada.
Não era uma amada carnal.
Porque antes da carne ele a amou em espírito.
E ansiava pelo dia que a energia iria se libertar!
Esse cavaleiro conversava com Deus
E numa de suas imaginações ouviu palavras inefáveis:
"Não queira entender, não tente desvendar a força e a inteligência de Deus."
"E jamais desafie a força de Deus, porque ela poderia te colocar em um lugar muito selvagem!"
"E jamais desafie a inteligência de Deus, porque ela poderia te jogar em um enigma mental terrível!"
Mesmo assim, o cavaleiro desafiou.
E foi impelido ao ambiente mais selvagem do Planeta, a uma montanha,
Onde havia uma mata fechada e virgem, outrora desconhecida por seres humanos.
Ele escalou a montanha da melhor forma e se sentiu honrado pelos caminhos que desbravava.
Conheceu insetos e feras, árvores poderosas e templos naturais!
Sentiu o ar divino e a presença do Deus Todo Poderoso em suas entranhas!
Sentiu-se importante por alcançar o topo da montanha.
Mas Deus mudou-lhe a sorte no retorno ao pó da terra,
Fazendo-o cair por longo caminho de cipós amarradores e com espinhos
E pedras escorregadias em meio à chuva e o lamaçal.
E Onde não havia esperança, esse guerreiro invocou ao seu Deus:
Me ajuda! Eu não sou capaz sozinho!
E Deus lhe dizia: Você é!
E ele dizia: eu não sei o caminho, meu Pai!
E Deus lhe dizia: mesmo você sabe o caminho, meu Filho.
Ande pela luz, ande pelas pedras.
Seu nome significa Pedra!
E o cavaleiro buscava sair da sua perdição, buscando a luz em meio às trevas;
Era cortado por centenas de cipós
E sofria grandes injúrias pelas quedas na descida molhada da montanha
E invocava ao seu Deus, gritando como quem vence um martírio:
Diminui as teus espinhos, meu Pai!
Diminui os teus escorregões!
Mostra-me a fonte de água divina que me prometeste!
E 7 vezes ele gritou, até que encontrou uma fonte:
Águas brotando do chão da mata, conduzindo um rio por entre pedras.
Era o seu caminho, era a trilha para sair da mata!
E ele riu.
Riu de alegria.
Porque em meio às dores excruciantes, houve solução.
Seguiu o curso do rio satisfeito e encontrou os primeiros troncos cortados por instrumentos humanos.
Dali a pouco, ele já estava em terra firme.
Os cortes não eram nada, as contundências tampouco.
Ele estava vivo!
Então ele seguiu para sua casa e foi descansar das dores.
Algumas horas depois, as dores cortantes já não doíam tanto.
Mas havia fogo por entre essas, com uma dor perturbante.
Um fogo venenoso subiu por seus membros cortados de espinhos,
Alcançando seu cérebro:
Era a prova mental.
O cavaleiro começou a viajar pelo cosmo.
Viu o céu e a Terra.
E perguntou: de onde eles vieram, meu Pai?
- Do Sol e da Lua.
Viu o Sol e a Lua.
E perguntou: de onde eles vieram, meu Pai?
- Da natureza e do tempo
Viu a natureza e o tempo.
E perguntou: de onde eles vieram, meu Pai?
- Do Senhor do mistério, meu Filho.
E perguntou: de onde ele veio, meu Pai?
- Da luta do bem contra o Mal
E perguntou: de onde veio o mal, meu Pai?
E assim ele adentrou em um potente enigma mental,
Onde não havia respostas para as últimas e definitivas coisas
Quanto mais ele perguntava, mais curiosidade sentia, e mais enrolado se sentia.
Assim o enigma mental tomou-lhe conta em meio as dores lancinantes dos cortes envenenados.
Assim, sendo vencido pelo enigma, o guerreiro pede misericórdia:
Me liberta desse enigma meu Pai!
E refresca o meu corpo intoxicado!
Então ele se sentiu aliviado mentalmente e pôde voltar a pensar no cotidiano.
E se sentia beijado nas mãos e nos pés por um espírito de beleza e frescor.
E a Voz lhe dizia:
Entende, agora, meu Filho
Que não se pode desafiar a Deus?
Eu sou o Deus Todo Poderoso, e me vingo de quem eu quero
Mas também conforto
E também educo
Pois, meu nobre guerreiro,
Foste muito audaz em teus desafios, seja físico ou mental
E essa é a maior das suas virtudes!
Mas o seu maior pecado é a pressa,
Porque quiseste algo que não podia ter!