Que bom que me encontrei!
Gosto muito de Vinícius. O de Moraes, não se iludam. Os demais, amigos, alunos, profissionais e conhecidos têm meu respeito e consideração. No entanto, o poeta, meus amigos, reside numa gaveta especial das minhas afeições.
Tanto que, alguns de seus poemas, por mim foram decorados. Há alguns anos, ao receber o convite de casamento de uma amiga, a frase deste era: "a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Que bom que te encontrei!". Achei lindinha, mais ainda pelo nome (parafraseado) estampado nos créditos "Vinícius de Moraes".
Apesar de, à época, eu contar com uma generosa bagagem literária, não conhecia tal verso. Ao procurar, descobri se tratar de uma música, a qual já ouvira, mas nunca tinha prestado atenção: "Samba da bênção".
Numa ocasião, enquanto desfrutava a alegria de assistir a um concerto, fiz amizade com os vizinhos de poltrona, um casal de senhores. Eu, que tenho um apreço inegável por casais de terceira idade, logo me simpatizei com os dois.
Tudo se encaixou: o apreço, a boa conversa, as trocas e a reciprocidade. Quase saí do local com outro emprego e moradia. Terminado o evento, seguimos para as fotografias e o estacionamento. Quando eles souberam que eu esperaria o Uber, não hesitaram em me levar ao meu destino.
O trajeto até à livraria, que levou um bom tempo, afinal a terra da garoa não dorme, contou com histórias de vida e contatos trocados. Chegando ao meu destino, despedi-me do querido casal, que ficou no acervo das histórias a serem contadas - aos filhos e netos, se os tiver - na velhice.
Nunca mais vi ou tive notícias deles. Todavia, mesmo aquele encontro, que foi único, gerou uma grata vivência e, por que não, uma superação.
Garotinha introvertida que fui, cresci inserida na bolha da minha timidez. A Luciana de quinze anos jamais imaginaria ou acreditaria que a de trinta e dois venceria tantos obstáculos.
Sempre soube que os grandes feitos provêm dos pequenos atos. Um passo de cada vez, e a paciência em todos eles, fazem com que alcancemos insondáveis conquistas.
Se são adoráveis os encontros e grandiosos os desencontros, maior e melhor é o encontro de si mesmo, cujos esforços e empenho geram adoráveis e admiráveis testemunhos. Que bom que me encontrei!