SER OU NÃO SER

Um pouco pra cá, um tanto pra lá, somos múltiplos, no mínimo, a gente é dual. Adulto e piá, avançados e retrógrados, radicais e flexíveis, refinados e grossos, nossos momentos existenciais não permitem rigoroso enquadramento. O ser ou não ser shakespeariano, modernamente, não tem vez. Por exemplo, gosto de uma roda de amigos inteligentes e cultos, mas detesto a pose, a hipocrisia e a chatice. Os menos apetrechados me divertem, mas dificultam uma verdadeira e saudável troca de ideias. Fico entre San Juan e Mendoza. Na política, lamento os exacerbados. Hoje, só me interessam aqueles que seriamente desejam evitar enchentes em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul em geral, coisa que até hoje empolgou não muita gente. Estou no rumo dos 78 anos, mas, incrivelmente, não acho muito, em face de tantos exemplos na família e fora dela. Quer dizer, sou bem veterano, mas não estou totalmente convencido e faço planos. Azar é do goleiro. Finalmente, desejo dizer que ninguém é absolutamente bom ou mau. Não se iludam, o pior indivíduo pode guardar alguns bons sentimentos específicos e, os melhores, têm sempre seus calcanhares de Aquiles.