Põe quanto és no mínimo que fazes
Quando eu tinha catorze anos, comecei a ler, atenta e continuamente, a Bíblia. Para prova de que fiz uma boa escolha, coincidentemente - o que não é coincidência, na verdade, mas sim providência Divina - minha professora de português passou a nos cobrar memorização de Salmos.
Eu passava por uma época desafiadora. Naquele ano de 2005, a minha vida mudou drasticamente, colocando à prova minha fé e maturidade.
Sem dúvidas, a leitura das Sagradas Escrituras deixa marcas indeléveis. Não há palavras mais tocantes e eficazes do que elas. Me afeiçoei aos Evangelhos. Até hoje, um dos capítulos que mais me toca é "O Sermão Profético", com as parábolas das dez virgens e dos talentos.
Algumas vezes, incerta das minhas decisões, questionava se tinha feito as escolhas por impulso ou de coração enganado. À minha mente, vinha a imagem dos servos com seus talentos, o que me fazia pensar se eu estava enterrando ou grajeando os meus.
Conforme o tempo foi passando, fui descobrindo, no ordinário cotidiano, que mais do que uma vocação, era necessário acrescentar em toda e qualquer tarefa o mais nobre dos toques: o amor. "Nada é pequeno se feito com amor. Põe quanto és no mínimo que fazes".
Sempre gostei de escrever. Na adolescência, comecei a rascunhar cartas reflexivas e alguns míseros contos. Guardei-os todos. Quando já tinha cursado minhas graduações, numa sessão de autoconhecimento, a terapeuta me instigou a dar impulso na escrita e publicar meus textos nas redes sociais.
Nunca gostei de alarde. Introvertida inata que sou, em toda ocasião, esforçava-me o máximo para que pudesse passar despercebida. Aos poucos, fui melhorando a timidez demasiada.
Para meu espanto, os escritos tiveram boas devolutivas. As pessoas começaram a me pedir mais e mais. Quando menos esperava, alguém me dizia que tinha se identificado com o que escrevi; outras vezes, ouvi comentários que encheram meu coração de gratidão. Desde sempre, só sei dizer que é "tudo para honra e glória de Deus".
Essa semana, enviando um texto à uma de minhas amigas, ela me disse: "amiga, essa é uma das melhores frases que li este ano. Eu precisava ler exatamente isso".
Confesso que a publicação frequente vai contra minhas ações primárias. Tantas vezes, temi estar sendo incoerente ou então soberba. Prezo pela discrição; se alguma atitude me transparece vaidosa, opto, sem pestanejar, pela sensatez.
Apesar disso, esses e outros generosos comentários e elogios me fazem acreditar que tenho (ainda que imerecido) sido um instrumento para o Senhor. Uma frase que sempre me ecoa é a de que tudo o que Deus te confiar, seja para glorificar a Ele. Ademais, almejo que Ele cresça e eu diminua; e que em cada palavra que eu propagar, haja um quê para O honrar.