Mudanças: o passado e o presente lado a lado
A primeira vez que me mudei, quando casei, foi para uma casinha de barro que era dos nossos avós e estava lá solitária. O vô me colocou lá para cuidar dela e também porque não tínhamos um lugar exato para morar.
Mas antes disso, bem antes, quando eu ainda era pequenina, aquela casa era cheia de alegria. Meus avós moravam nela e eu só vivia lá, pelo menos é isso que eu lembrava. Não me recordo da nossa casa amarela que minha irmã sempre cita quando falo do passado.
Na frente daquela casinha minúscula tinha um pé enorme de azeitonas pretas, meu irmão subia nela e ia lá para cima, enquanto eu tentava e nunca dava certo. Outras vezes a vó dava uma cipózada nele por estar lá em cima na hora do descanso da tarde, e assim ia-se a nossa vida. Tenho memórias boas do passado e memórias boas do presente, por isso aquela casa ainda é importante para mim, mesmo não existindo mais.
Essa primeira mudança depois de casada foi especial para mim. Tudo o que vivemos lá vem quando fecho meus olhos e vejo que tudo mudou, mas as lembranças de tudo o que vivi permanecem comigo.
Se mudamos rapidamente daquela casa para outra, a antiga casa da minha tia. Vivemos coisas boas lá também, mas nada supera a primeira casa: as primeiras sensações de morar com meu marido, as primeiras noites, as roupas lavadas, a casa limpa e a paz de sentar-se no banquinho quando tudo estava calmo.