Os 37 batendo na porta

 

Estou prestes a completar 37 anos! Caramba! Com certeza, já passei pela linha do Equador da vida. Meu pai se foi aos 70; tomando essa média, já subi dois degraus da metade superior para o "arasta para cima", na linguagem da geração Y. Pois bem, os 37 estão logo ali, no final dessa semana, fechando o mês.

 

Para minha alegria, já ganhei um presente perpétuo. A obstetra da minha esposa me deu a felicidade de ter um filho nascido no mesmo dia que eu. Quantos têm essa dádiva? O parto normal não era opção, então a médica perguntou uma data e bingo: meu aniversário. Um dos lados positivos das coincidências natalícias é que não me recordo de ter bolo em comemoração aos meus 31 aniversários passados antes do Vicente nascer. Depois...Já tive, ops, meu filho já teve festa do Capitão caverna e Caverninha, Dinossauro, Patrulha canina, Homem Aranha e agora do Sonic.

 

Enquanto planejávamos a festinha, eu, minha esposa e os nossos celulares (isso, se você tem o celular por perto nunca está conversando sozinho, tem alguém te escutando) o aparelho, oráculo dos tempos modernos, me recomenda um filme: Fenômeno. Ainda não assisti, mas fui atrás do resumo e o achei interessante. O personagem principal tem a vida transformada, e exatamente aos 37 anos. Que coincidência! A idade que vou ter daqui a uma semana.

 

Não sei te dizer sobre os detalhes do filmes. Parece que ele é atingido por uma luz e BROWN! (Sei que brown é marrom em inglês, mas para mim parece o som de um trovão). O personagem passa a ser o ser humano mais inteligente do planeta. É ou não é um excelente presente? Já pensou, em um dia você é um mecânico, como no caso do personagem do filme, no meu eu que sou um burocrata meia boca e um professor com meia dúzia de alunos, e no outro passa a ser a mente mais potente do universo?! Mesmo sem assistir um minuto do filme a gente já sabe o que vai acontecer ao agraciado personagem. O governo vai colocar as mãos nele e fazer tal qual com os ETs, esfolar-lhe até chegar no tutano.

 

Com os trinta e sete batendo na porta não sei o que pedir, se bem que o personagem do filme não pede nada, lhe é dado de graça. Mas, suponhamos que eu tenha que pedir algo. Saúde com certeza, tentar ver se chego pelo menos na marca do meu pai. Um pouco mais de dinheiro, no meu caso, como servidor público isso implica esperar ainda quatro anos para concluir um mestrado que provavelmente iniciarei em 2025, isso se passa na seleção, ou se assumir um cargo de chefia na instituição onde trabalho quando retornar da minha licença saúde, mas como por uma função tem gente vivendo e morrendo e fazendo malabarismo de testículos alheios, então estou fora desse esquema. Vou focar na saúde e no mestrado e talvez num concurso para professor numa cidade aqui por pertinho...

 

Não sei se no filme Fenômeno o personagem morre por causa do seu dom. Suponho que sim. Afinal, de onde que os poderosos se deparariam com algo extraordinário e não o extirpariam as vísceras para ver qual a cor da vesícula biliar do espécime? Comigo, até agora, nada de extraordinário aconteceu precedendo os meus 37. Talvez eu deva supor que serão como os outros 36 passados. Não vou criar grandes expectativas. Sem expectativas, sem frustação. Na Mega, talvez eu jogue, vai que... Por enquanto, a certeza é que o bolo do Sonic do meu filho será de chocolate. Um dos meus maiores presentes, não o bolo, meu filho claro.

 

 

 

 

George Barbalho
Enviado por George Barbalho em 26/03/2024
Reeditado em 03/07/2024
Código do texto: T8028129
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