ATARI
O videogame ATARI, da empresa do mesmo nome, estaria com 40 anos de lançamento. Era um artefato tecnológico lúdico, o chamado console, de estrutura meio tosca, simples, mas extraordinário, que funcionava com cartuchos ou fitas especiais, muito resistentes e que se compravam por preço acessível, ainda que muito baratinhos não fossem. Adquiri o aparelho em New York ou Miami para meus filhos, em 1984, acho que em valor próximo aos duzentos dólares. Lembro dos nossos primeiros jogos: Pac-Man, River Raid, Free Way e Pele’s Game (Soccer’s Game), Enduro, Boxing, que empolgavam a gurizada e os mais velhinhos, como eu, que já na primeira rodada começavam a perder para os filhos – muito mais habilidosos, ágeis e ajustados às artes e manhas da nova era. Aquele negócio ficava ligado praticamente da manhã à noite: era, enfim, mais uma alternativa de lazer para a piazada da Vila Assunção que costumava frequentar minha casa.
Li uma reportagem no site Clicrbs que resgatava algumas recordações boas desse brinquedo da geração de 70/80, precursor do PlayStation e de outros avanços que nem tenho ideia de como se operam. Talvez por ser então novidade absoluta, fico com a impressão de que o ATARI era mais integrativo como jogo ou diversão coletiva, inclusive porque até as meninas participavam, como minha filha pequena: era, enfim, pai, mãe, filho, filha, vizinhos, amigos, amigos dos amigos, cachorro e papagaio disputando a vez para desfrutar a maravilha acoplada à TV. Uma provocação dos tempos cibernéticos. Claro, não era melhor do que brincar de mocinho e bandido, carrinho de lomba, bolinha de gude, peão ou do que jogar caçador no meio da rua até altas horas, como nos anos cinqüenta, mas, afinal, estamos em plena era pós-industrial e digital, e não dá para ressuscitar o que definitivamente passou.
Aliás, por falar em tempos remotos, foi lá pelo ano de 1956, talvez 57, que conheci a televisão – um aparelho grandote e meio estranho, comprado por um tio, que também morava com meus avós, em Porto Alegre. Coisa realmente mágica. Nele assisti a um grande clássico do futebol, transmitido em preto-e-branco diretamente do estádio Olímpico: GRE-NAL. Tempos de Sérgio, Airton, Ortunho, Figueiró, Elton, Ênio Rodrigues, Hercílio, Gessi, Juarez, Milton e Vieira. Mas a Copa do Mundo de 58, assim como a de 62 e 66 foram curtidas nervosamente por rádio a válvulas ou radinho de pilha transistorizado Spica, importado do Japão..
Perdoem a ligeira digressão, mas é que assim caminha a humanidade, com novidades e surpresas a cada esquina e o que ontem foi moderno e empolgante diluiu-se nas brumas da história. Algumas lembranças são assim mesmo: ou viram papo de barzinho ou acabam em crônica, com um certo quê de história e algum sabor nostálgico.