Fitas VHS, anos 90 e Mogli
Tínhamos uma coleção delas, as fitas VHS. Temos, aliás. Para quem cresceu nos anos 80 e 90, sabe a alegria que era, aos finais de semana, ir à locadora local, a New Games, e alugar um punhado.
A nova geração nem imagina o que seja um vídeo cassete. Um aparelho quadradão, com uma tampa no meio onde se colocava esse nosso objeto de distração. Meu pai tinha vários, chegamos a ter cinco. Fitas, então, perdi as contas. Todas etiquetadas com sua letrinha garranchada. Gravava um desenho, o Roque Santeiro, os shows do Roberto Carlos. Apagava os Simpsons do Beto pra colocar algo mais interessante.
Meu favorito era o Mogli. E eu era uma Mogli: cabelinho curtinho, magrelinha, pulava as pedras do rancho que sempre frequentávamos. Nas conversas de supermercado, relembramos os velhos tempos.
Ô, coisa boa! Quantas histórias o tempo nos deu. Quantas fitas VHS nós guardamos, quantos vídeos ficaram parados nas caixas de papelão, no quarto de bugigangas, sem qualquer utilidade.
O tempo desgastou sua energia. Não mais funciona. Ora, então por que guardar uma tralha dessas? Porque elas têm histórias, tem suor derramado, infância feliz. Serve de relíquia, de objeto de espanto, de memória, de conto para os netinhos, o genro, as noras. Vivências. Todo mundo e matéria tem seu lugarzinho no mundo; quer seja no coração, na estante, no quartinho de bagunça ou na portinha da memória. E jamais fica esquecido.