O CORDÃO, O PÊNDULO E A VOZ
. . . . . . . . . .
Por instantes,
nasci mudo.
Fui nascendo.
A pedido ou desígnio,
pendurado num cordão.
. . . . . . . . .
Sem saber do meu destino, sofrendo,
fazendo sofrer.
Rir, brincar.
Tomar sorvete.
Pular corda!
Pular muro?
. . . . . . . .
Cresci,
me fui descobrindo,
envolto de não e de sim.
O mundo de Yan e de Yin.
Ora triste, ora alegre,
sentindo, determinado,
que eu seria....equilibrado.
. . . . . . .
Com as palavras, comedido.
Nem pra lá e nem pra cá.
Como se fosse possível
um pêndulo
estacionado
bem no meio disso tudo.
E, por um cordão ligado.
. . . . . .
Ai!
Meu umbigo desatado.
Ele não aguenta,
nem o meu, e o de ninguém,
tanto centrismo, ego ou não.
Tanto balanço e puxão.
Nem o dito, e nem o saco.
. . . . .
Criei, procriei.
Gozo e riso.
Dor e choro recriados.
. . . .
Feliz,
descobri nos riscados,
da genética herança,
ter criado semelhantes
mais queridos, mais amados,
que tantos outros iguais.
. . .
Estes, sim,
tão diferentes os fiz.
Que se fizeram de mim?
Ou foi assim que os senti,
E só agora entendi?
. .
Andei;
e só após tanta andança,
me chega esta foz.
Dela ouço
“Escreve aí,
faz o igual.
Use as rimas,
pobres, boas.
Tal e qual. Tal e qual........
Não deixe tão dentro de ti
este mundo, que aflora.
.
Seja um bouquet de pessoas
atadas com o mesmo cordão”
Umbilical!
Porque não pensei nisto antes,
enquanto ainda tenho voz?
Enquanto ainda somos,
Nós
Sergio Castiglione