Chuva
Dentre as minhas muitas fraquezas está a antipatia por chuva. Péssimo isso, e certamente um pecado, como dizia meu pai.
Esse sentimento um tanto quanto sufocante começou lá na infância e nem sei dizer o porquê. Aumentou na adolescência quando tomei, várias vezes, chuvas nas idas e vindas da igreja, da escola e do trabalho. Irritava-me chegar ao meu destino primeiro toda ensopada, o que preenchia ainda mais o meu famoso "não gosto de chuva". Ainda para ajudar, chegavam as visitas nada bem-vindas dos sapos que se acomodavam no nosso quintal.
Conforme fui crescendo e entendendo a importância que a chuva tinha de regar a terra e permitir crescer e abastecer as fontes, a agricultura, as nascentes, gerando com tudo isso vida, fui olhando-a com mais benevolência.
O fato é que depois de tantas chuvas tomadas, aprendi que precisava dar uma solução às devidas circunstâncias. Minhas mochilas passaram a ficar mais cheias, já que passei a carregar roupas extras, guarda-chuva e calçados, além daquilo que costumo carregar. Parei também de reclamar, mesmo que vez ou outra a murmuração ainda se solta quando as gotas frias molham os tênis que levam dias para se secar.
O mais interessante, porém, foi reparar, que mesmo sendo forte ou fina chuva, com vestimentas secas ou molhadas, tudo passa; as gotas cessam e as roupas secam, ficam ainda e talvez somente, as belezas; quer sejam das flores, dos aprendizados e do arco-íris.