Um Dia Imerso no Silêncio: Pensamentos Suspendidos pelo Frio
Abro os olhos e a primeira coisa que vejo é o claro do dia entrando nas brechas dos cantos das telhas. Mas não, claro do dia, estava chovendo... Chovendo muito, mas ainda estava claro. O claro que eu pensava não era exatamente ele. Percebi também que meu corpo estava se encolhendo, o frio entrou e se pôs ao meu lado. Estava sentada ainda com a roupa de dormir, fina, morta de frio.
Então, é fevereiro, não é? Que mês estranho... Não sei se me alegro por estar no mês de meu aniversário ou triste pelo luto de um ano. Acho que os dois estão interligados.
Pisco o olho e, de repente, observo algumas manchas do chão, e me deparo que há muito tempo não limpo o chão da casa.
O dia começou? No celular, a hora avisa, já são sete e meia e nada. Sem sol, sem ânimo, sem vontade, no luto de um ano.
Vou à cozinha lavar a louça e a água congela meus nervos, limpo a mão com o pano da bancada, vou a caminho da cama. Visto uma blusa grossa de frio e deito. Me enrolo com a manta da cama, me aqueço.
Normalmente, quando deito, fico imersa nos pensamentos olhando a parede amarela clara, mas neste momento não penso em nada. Em nada mesmo, sério... Não sei que milagre. E permaneço assim pelo resto do dia. E o dia permanece frio.