Capturado Pela Silenciosa Beleza
Era uma belíssima manhã de sol, de céu azulado e de poucas nuvens, do ano 1982, eu descia de ônibus de Curitiba para Paranaguá a trabalho.
Sentado na janela do lado esquerdo, curtia distraidamente a linda vista serrana, quando na altura do Viaduto dos Padres, olhei para o lado e aquela bela paisagem de manhã radiante, céu, montanhas e vales me capturou por uma fração incomensurável de tempo, destruindo a divisão entre o observador e o observado.
Só havia uma consciência indiferenciada daquela totalidade, daquela silenciosa beleza, o observador não estava presente. Quando dei por mim, o ônibus seguia normalmente, passando por aquele ponto do trajeto e ai os sentimentos e pensamentos surgiram numa sensação de pasmo e deslumbramento.
Ao traduzir o ocorrido, por que o cérebro recebe uma marca com qualquer experiência mesmo que esteja em silêncio, senti que existe em mim e em toda parte, algo que sempre existiu e sempre existirá. De tal sorte que, eu, mas não eu necessariamente, poderia viver em qualquer época, passado, presente e futuro e ainda assim na essência seria a mesma coisa.
Nunca mais fui o mesmo.