BALADA TRISTE DE TROMPETA

No crepúsculo de dezembro, cujas tardes chuvosas e poéticas inquietavam a cidade de Manaus, disponibilizei, ao gigantesco público que compõe os meus "quase" dois leitores semanais, uma das mais belas, pragmáticas e autênticas cenas teatrais, ritmada pela canção “Balada Triste de Trompeta”, de Franco Pisano, extraordinariamente interpretada pelo cantor espanhol, Raphael Martos.

Aos olhos frágeis e desatentos, esta Obra de Arte é geralmente vista com estranhamento e zombaria, dado a sua descortinada característica sombria, triste, e gritos agonizantes. Neste sentido, novamente teimo dizer: ledo engano.

A música, inicialmente apresentada no filme “Sin um Adiós” (1970), dirigido por Vicente Escrivá, por vez, compõe a cena de outro filme, o homônimo “Balada Triste de Trompeta" (2010), dirigido por Álex de la Iglesia, cujo enredo, este sim, considerado violento e satírico, dispõe de dois palhaços terrivelmente desfigurados que lutam até a morte para conquistar o amor ambíguo de uma acrobata.

A cena cinzelada no Teatro, no geral, incompreendida no que realmente quer discutir, é de dar arrepios. Sim, bons arrepios. Apesar do quadro começar com o apresentador do espetáculo empurrando o 'Palhaço' palco adentro de forma bruta, até cair ao chão onde é recebido por seus espectadores com deboches, risos e chacotas histéricas, minutos depois se transmuta com uma súbita mudança de postura da plateia, que se manifesta em jubilo numa explosão de aplausos. Neste momento de exaltação ao belo, o palhaço erguendo a cabeça, com seus braços empoderados em sútil gesto, recebe, fruto de seu canto, choros, gritos e prolongados aaaiiiiiss, o reconhecimento, mesmo que tardio, ao culto sagrado da arte que imita a vida... O PÚBLICO ENTENDEU AS METÁFORAS E IRONIAS, despertou a empatia, a inteligência emocional e racional até então subsumidas pela venda da ignorância momentânea. E o mundo se transformou...

No alongar do texto, reitero, tanto a música quanto a cena teatral são duas obras de artes, profundas e reflexivas. Penso também que ninguém superou ainda o desempenho e o tom de voz do incomparável Raphael, cujo ardor das emoções continuará causando arrepios fantásticos nas almas sensíveis e descortinadas do óbvio.

Balada da trombeta

Balada triste de uma trombeta,

de um passado que morreu

e os gritos e gemidos,

como choooooooooraaaaa.

Aah, aah, aah, aah.

Aah, aah, aah, aah.

Aah, aah, aah, aahahaaaaayyy.

Aah, aah, aah, aah.

Aah, aah, aah, aah.

Aah, aah, aah, aahahaaaaayyy.

Com tanto choro da Trompeta

meu coração desesperado,

está chorando, lembrando-se,

meu passsaaaaaaadooooooo.

Aah, aah, aah, aah.

Aah, aah, aah, aah.

Aah, aah, aah, aahahaaaaayyy.

Aah, aah, aah, aah.

Aah, aah, aah, aah.

Aah, aah, aah, aahahaaaaayyy.

Vídeo no YOU TUBE: https://www.youtube.com/watch?v=DWnmzagelp8

Eylan Lins
Enviado por Eylan Lins em 25/01/2024
Reeditado em 26/01/2024
Código do texto: T7984490
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