O carnaval é pisciano
Ilusões, entropia, sonhos, pesadelos, claridade, escapismo e mergulhos.
Quanto mais o sol se aproxima de peixes, mas frágil me sinto diante da realidade. Não sei se é coincidência ou apenas os astros me emitindo um sinal. Meu inferno astral se aproxima e eu definitivamente não sei nadar. Me sinto frágil nesses últimos graus da mandala e em amplos aspectos também: meu corpo e minha mente pedem renovação.
Não sei se é o céu turbulento, mas essa semana tenho dado mergulhos profundos em mim mesma e pensado muito nas coisas que eu sinto. Tenho realizado fugas escapistas como há anos não faço - sonhado sonhos lúcidos e vivido uma vida rasa. Tenho evitado a claridade dos dias ensolarados do final de janeiro e habitado a meia luz do meu canto seguro.
Tenho tido muitos sonhos e devaneios - não tenho quase pesadelos, acredito que viver é o que me assusta. Tenho mergulhado muito em mim mesma e desbravado minhas fantasias - mergulho de cabeça para encarar os meus desejos mais impuros e nado de braçada no sentimentalismo mais denso possível.
Os primeiros raios de aquário ao horizonte - o visionário, racional e desruptivo - vem vindo com anúncios do futuro. Enquanto isso, peixes se ajusta em lantejoulas e máscaras, veste-se de todas as cores possíveis desde que brilhem - é puro artifício da vaidade, da fantasia - é a infância que pulsa ainda: quero ser uma fada, uma bruxa ou qualquer outra coisa que não a real.
O carnaval se aproxima, faltando pouquíssimos dias, essa data que todos amam e que tinha que ser pisciana. Independente de acontecer em outras datas - essa é a mutabilidade dos mais mutáveis. Agora, além dos mergulhos profundos em mim, todos mergulharemos em um transe de quatro dias.
Me coloco a postos para este ritual: já separei meus brilhos e preparei minhas fantasias - vou ser uma cigana tropical. Embarco na energia de peixes e mergulho no meu íntimo - me afogo nessa magia e nesse desbunde que é viver. Só volto para o corpo em plena quarta feira: com cinzas, ressaca e resquícios de brilhos.