PROGRESSO?

Nunca tive a ilusão de grande progresso humano, tirante notórias áreas científicas e tecnológicas específicas e de oneroso acesso. Basta uma rápida análise de lideranças políticas e de conflitos bélicos nacionais, religiosos, territoriais ou seja lá o que for. O ser humano continua a poluir o planeta e o clima naturalmente se altera e contra-ataca. A população indígena foi extinta ou reduzida, os negros africanos eram apenas mercadoria, para relembrar o mínimo. Hoje isso é memória fugaz e literatura histórica para exame vestibular ou debates acadêmicos. Nem cogito da loucura ariana da Segunda Guerra Mundial. Fico nos tempos atuais, em que avultam tributos escorchantes, de toda a ordem, e serviços precários ao cidadão. Como falar em progresso, quando serviços básicos, essenciais, são tão precariamente oferecidos à população? Em que paragens vagueia algum estadista que se preocupou com o fornecimento de energia elétrica e abastecimento de água em situações emergenciais, cada vez mais ocorrentes? Construir megalópolis, grandes empresas disto ou daquilo, faturar grosso, disputar responsabilidades, é coisa fácil no planeta da esperteza e do arrojo, mas isso não tem nada de progressista: é assombração medieval – só para não regredir demais na história humana. Não sou médico para prescrever medicamentos, mas paciente assaz prejudicado para repelir tanta incompetência, consciente de viver numa sociedade atrasada e esdrúxula. E nem falei das populações mais carentes. Progresso? Só dando risada mesmo.