Boas novas
Era antes a elas que precisava responder. Acho interessante essa aura costumeira que traz dezembro: as questões e reflexões.
Os intensos dias passados, velozes, concordemos, parecem não encontrar espaço na agenda lotada para que paremos; o café esfria, o trânsito para, a noite chega: quando se vê, foram-se as horas preenchidas e engolidas no amontoado de caos e coincidências.
Tenho percebido que os anos têm passado cada vez mais rápido. Tão rápido que quase não permite que fiquemos a lamentar e contestar o porquê. Nem adianta, já que essa constatação não fará com que diminua seu ritmo; ele seguirá seu fluxo vertiginosamente.
Como dizia, a época é propícia às reflexões; reflexões essas que poderiam encaixar-se no voraz tempo dos trezentos e sessenta e cinco, mas que não encontram espaço no cansaço violento que adormecem os olhos no deitar noturno. Ora, já existem tantas preocupações sendo estimuladas, por que eu deveria incluir mais?
De fato, muitas das nossas perguntas chegam aos seus finais sem serem respondidas; outras tantas acompanham a inquietação de uma mente barulhenta.
Diante de tantas nuances, o que se espera é sempre o mesmo: as boas novas. Estas, obviamente, não se fazem sozinhas: há de ter exercícios diários incluídos. O ordinário cotidiano, tantas vezes desdenhado e diminuto perante os grandes feitos, é o que, indiscutivelmente, permite a grandiosidade.
Sei que o ano vindouro não reduzirá sua velocidade: antes continuará a ser o que é. Espero, portanto, que nos nossos feitos e bem feitos, consigamos, ainda, o que já disse Érico Veríssimo: "fazer pausa para olhar os lírios do campo e as aves do céu".