5/12/23

Era aniversário de muita coisa: finais, desfechos e finalizações. Ciclos se fechavam e outros praticamente se escancaravam às vistas. Era um caos sem fim. Eu, você, o mar - o céu, as estrelas e o cosmos: O que está por cima é como o que está por baixo.

A intuição gritava e a voz de dentro estremecia tudo e isso causava medo, angústia e me lançava a desorientação - sintetizo isso em uma palavra: turbulência. Mas, apesar de certa euforia também sentia sono e cansaço constantes - minha fuga escapista preferida é dormir, e eu não podia dormir - pois, embora os olhos fechados, a mente não desligava um minuto. Naquele momento desejava a vida menos corrida, menos turva.

Era eu ser espiritual vivendo a realidade material - tentando compreender as limitações da carne. Era você material - pura matéria, que vive só o que é visível aos olhos e palpável as mãos. O fogo é espírito - o ar é mente - a água é sentimento - e a terra é matéria.

Os outros elementos não toleram o fogo, que só existe por causa do ar e da terra. E a água para o extinguir. Esse papo de dor não está com nada, por isso não me envolvo com esses peixinhos que nadam por aí. Eu não, eu quero queimar tudo que há a minha volta.

Eu desejo transmutar essa porra toda. Mas, sempre tem um serzinho de ar para racionalizar - às avessas, afinal a mente é uma traidora. Ou um ser de terra querendo me trazer de volta para esse planetinha azul - de onde não levarei coisa alguma: nem anéis, nem cordões e nem corpo.

Disso tudo, eu queria uma coisa: alma. Saudades de sentir o outro em trocas reais de sangue, suor e lágrimas. Onde fica meu tesão nessa merda toda? Não sei. Não sinto nada - frígida. Esse celibato voluntário me mata, sentir meu corpo frio e sem graça. Tem me faltado alma e o maldito impulso do voo que não vem - não posso pular, resta sentar e esperar o tempo passar e a gira, girar.