Caminhando pra onde nao sei
Daqui pra não sei onde tem muitas leguas.
Tem muitas cancelas pra abrir e muitas porteiras pra ultrapassar.
E num desses passadiços, a vida também passa lenta e sem pressa, como se nem existisse no presente, tanta pressa pra se chegar no futuro.
Mas todo entardecer nos passos do viajor, já é o prenúncio de um futuro que se aproxima, bastando pra isso, o clarear para o despertamento de um novo dia.
Quantas leguas ainda faltam? Eu nem estou interessado em saber, pois quanto mais caminho, mais diminui a estrada onde sigo com destino de daqui pra não sei onde.
Quando mais afoito levado pela jovialidade, tive muita pressa.
Hoje, freei meus pés e os fiz acreditar que caminhando também se chega, mesmo que mais tempo demore.
As porteiras e a poeira das estradas, são testemunhas do meu incansável prosseguir.
As vezes ando tão lento que ate a própria pressa me abandona e vai-se embora, por não suportar a lentidão do meu caminhar.
Como disse, ja corri tanto na vida, que hoje dou-me ao gozo e ao luxo de apenas caminhar.
Tudo fica para trás, independente da velocidade percorrida. Daqui pra onde nao sei, ainda existem tantas léguas a percorrer.
Eu espero que os meus pés, ao suportar o peso do meu corpo, aguente o rojão da lentidão do meu caminhar.
Afinal, tudo que antes fiz nessa vida, foi apenas suar de tanto correr.
Hoje, prefiro sentir a brisa do vento banhar meu corpo, pois somente assim, sei o valor real de se obedecer cada passo desse prosseguir lento, mas incansável.
Carlos Silva.