No fim domingo
Domingo a noite é onde o tédio se personifica diante dos nossos olhos.
De uma semana vindoura que querendo ou não é cheia de compromissos inadiáveis, medonhos e intragáveis.
Uma semana natimorta nos aguarda, onde o trânsito caótico é seu cartão de visitas.
Metas são programadas em nosso subconsciente, muitas vezes desejos que chamamos de metas sem um meio legítimo de coloca-las em prática.
A subordinação nos aguarda, grilhões modernos, teatro corporativo, a uniformização de pessoas abaixo de políticas empresariais.
Não temos tempo para contemplação, para admirar a beleza da vida, a grandiosidade do universo, a suavidade do tempo.
Não conseguimos nos intrigar com mistérios, nos encantar com o acaso, nos comunicar com quem mais nos importamos.
Mas é o preço a se pagar pela modernidade, pela complexa relação social e comercial em que já nascemos e crescemos.
Não somos preparados para questionamentos, sim para dar respostas sucintas e práticas.
Giramos a roda semanalmente, para no fim do domingo amargar a melancolia de girar e girar cada vez mais lentamente a roda.
E assim passam-se os domingos, passam-se os anos, fica apenas o gosto amargo com o qual nos acostumamos.