No fim domingo

Domingo a noite é onde o tédio se personifica diante dos nossos olhos.

De uma semana vindoura que querendo ou não é cheia de compromissos inadiáveis, medonhos e intragáveis.

Uma semana natimorta nos aguarda, onde o trânsito caótico é seu cartão de visitas.

Metas são programadas em nosso subconsciente, muitas vezes desejos que chamamos de metas sem um meio legítimo de coloca-las em prática.

A subordinação nos aguarda, grilhões modernos, teatro corporativo, a uniformização de pessoas abaixo de políticas empresariais.

Não temos tempo para contemplação, para admirar a beleza da vida, a grandiosidade do universo, a suavidade do tempo.

Não conseguimos nos intrigar com mistérios, nos encantar com o acaso, nos comunicar com quem mais nos importamos.

Mas é o preço a se pagar pela modernidade, pela complexa relação social e comercial em que já nascemos e crescemos.

Não somos preparados para questionamentos, sim para dar respostas sucintas e práticas.

Giramos a roda semanalmente, para no fim do domingo amargar a melancolia de girar e girar cada vez mais lentamente a roda.

E assim passam-se os domingos, passam-se os anos, fica apenas o gosto amargo com o qual nos acostumamos.

Lipe Souza
Enviado por Lipe Souza em 03/12/2023
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