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Existe uma canção do Zé Ramalho que me descreve melhor do que eu mesmo:

"Nada vejo por essa cidade
Que não passe de um lugar comum
Mas o solo é de fertilidade
No jardim dos animais em jejum
Esperando o alvorecer de novo
Esperando o anoitecer pra ver
A clareza da oitava estrela
Esperando a madrugada vir
E eu não posso com a mão retê-la
E eu não passo de um rapaz comum
Como e corro, trafego na rua
Fui graveto no bico do anum
Vez em quando sou dragão da lua
Momentâneo alienígena
A formiga em viva carne crua
Perecendo e naufragando no mar
Uoh-oh-oh oh-oh, naufragando no mar

A papoula da terra do fogo
Sanguessuga sedenta de calor
Desemboco o canto nesse jogo
Como a cobra se contorce de dor
Renegando a honra da família
Venerando todo o ser criador
No avesso de um espelho claro
No chicote da barriga do boi
No mugido de uma vaca mansa
Foragido como Judas, em paz
A pessoa que você mais ama
No planeta vendo o mundo girar
Uoh-oh-oh oh-oh, vendo o mundo girar"


Jardim das acácias - Zé Ramalho