Será que nem adianta tentar?

 

 

Este foi um comentário que acabo de ler em um vídeo de um jovem adolescente, ou ainda criança, já que tem apenas 13 anos. O rapazinho passou em primeiro lugar numa penca de vestibulares entre eles medicina, direito e algum curso no ITA. O rapaz realmente é diferenciado. Aos treze anos eu estava na sexta série e minha preocupação era se o lanche seria cuzcuz com sardiha ou pão com carne moida. Na verdade, essa minha preocupação durou até o meu 8 ano do curso de administração. 

 

O comentário da pessoa reconhece que o menino é um gênio. Isso é inegável. E complementa dizendo que a sopa química durante a sua gestação o favorecel para que ele fosse uma pessoa  superdotada e que por mais que possamos estudar e nos dedicar, nunca alcançaremos o seu nível. Tudo verdade.  Mas, tem um porém. Nem todo mundo é gênio, mas existem os talentosos e os esforçados.

 

Eu me enquadro no nível dos esforçados. Talentoso ainda estou muito aquém. Mas esforçado, sou. Depois de passar por um ensino fundamental capenga (amava a escola mais aprendia pouco), um médio que se eu te contar parece um stand-up (em um ano tivemos uma reforma de seis meses e no segundo semestre teve greve dos professores. Um dia sequer de aula tivemos. Quem se aproveitou disso foi um colega que teve que ser internado num hospital psiquiátrico e conseguiu se formar no médio junto com o restante da turma) e um ensino superior de quase uma década só para terminar a graduação, eu me esforcei e consegui ser reprovado em mais de 18 concursos públicos seguidos.

 

Se eu tivesse talento, teria passado no primeiro ou no segundo. Mas, como sou esforçado, amarguei quase duas dezenas de reprovações até conseguir a primeira aprovação. E por que eu reprovei tanto? Eu não tinha base alguma para ser aprovado. Era zero em português, matemática, direito constitucional, direito administrativo, raciocínio lógico, direito econômino, administração financeira e orçamentário, informática, e não sabia de nada inclusive de administração, o curso da minha formação e para a vaga que eu estava pretendendo. Mas, eu sou esforçado. Fechando quase a vigésima reprovação, vi o meu nome no diário oficial da União para o cargo de adminstrador.

 

No dia da prova, eu me deparei com alguns colegas de classe da faculdade. Todos que haviam termiando o curso no seu tempo certo, com seus coeficientes de rendimentos  acima de oito ou nove. Pessoas que tiveram uma vida acadêmica invejável. Já eu, meu coeficiente de rendimento escolar foi 5,8. Havia 4 vagas. Antes de entrarmos na sala para realizarmos o exame eu disse: "São quatro vagas, examente as nossas." Para minha surpresa, não vi o nome deles, apenas o meu.

 

O que eu quero dizer com isso? Existem os gênios. Esses, com a orientação correta, ganharão destaque no mundo da ciência, artes,  e etc. Existem os talentosos. Que são aqueles que, como um diamente bruto, por meio da orientação correta, alguns brilharão tanto quanto os gênios e outros ficarão na posição intermediário das funções sociais. E existem os esforçados, como eu. Que inicialmente tinha a predestinação de ser mais um trabalhador Charleschapiano, mas por meio do meu esfoço (e apoio familiar), consegui folgar as correntes de um sistema onde a criança pobre tem poucas oportunidades e, mesmo que tenha uma chance como eu tive, de frequentar uma universidade pública (numa época pré-cotas) quando chega lá, não sabe o que fazer, nem muito menos é preparado para a vida quando de lá sair.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

George Itaporanga
Enviado por George Itaporanga em 27/11/2023
Reeditado em 29/11/2023
Código do texto: T7941832
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