Paradoxo

Nunca neguei ser a língua portuguesa, minha matéria favorita na escola. Disciplina que alcançava as maiores

notas, o gosto intrínseco - cultivado numa infância rodeada de dicionários espalhados pela casa, os quais eram minha satisfação e distração limpá-los - não deixou de fazer parte do meu cotidiano profissional.

Dia desses, conversando com algumas amigas a respeito de dúvidas gramaticais, lembrávamos das figuras de linguagens. Apesar de ter desenvolvido uma pequena melhora na comunicação interpessoal, mantenho a preferência pela escuta. A escrita, refúgio e encontro do meu eu, entrega níveis ainda inalcançáveis nas minhas relações.

Como dizia, falávamos das figuras de linguagem, tema estilístico da nossa língua. Seus nomes, ainda que tão assustadores aos estudantes, compõem uma riqueza admirável nas palavras.

Passado pouco tempo, lendo a introdução de um livro, provocou-me a palavra "paradoxo". Instantaneamente, lembrei-me da figura: também chamada oxímoro, esta consiste em usar, intencionalmente, um contra-senso.

Na leitura de cabeceira, e na última conversa terapêutica, estava, novamente, o paradoxo.

Jamais pensei que pudesse, em tempos tão modernos, ser escrava das contradições.

Essa busca laboriosa pelo nosso "eu", faz-nos perceber - antes tão impalpável - o quanto vivemos num cotidiano de contrastes. Uma vez bem aproveitada a busca, que traz à tona nossas fraquezas, as mesmas podem ser transformadas em fortes virtudes; a consciência dos pensamentos, emoções e sentimentos conseguem nos transportar a labirintos não explorados.

Tão incógnitos quanto parecem ser as diversas classificações e significados que produzem a nossa língua, o encontro com o eu, surpreende na grandeza e abundância que se escondem no nosso tesouro interior: se encontrado, e bem aproveitado, resulta em grandes histórias a serem divididas aos ouvintes.

Luciana Arima
Enviado por Luciana Arima em 31/10/2023
Código do texto: T7921613
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