Quase tudo mudou
Mudaram as estações, quase tudo mudou. Mudaram nossos hábitos, nossos animais de estimação, alguns vizinhos, os cortes de cabelo, os gostos e o campinho. Mudaram a aparência física e as vestimentas: cresceram a estatura, as orelhas, o nariz, o olhar sereno.
Os dias passaram passivos, vagarosos, marcando na nossa memória os deliciosos compartilhamentos: esconde-esconde na rua, bandeirinha, piquenique nas tardes preguiçosas, amigo secreto nos finais de ano.
Entregamos aos nossos sonhos a nossa imaginação, nossa candura e a esperança de dias intensos e felizes quantos todos que vivenciamos. Demos as mãos para atravessar a rua, subir na bicicleta, realizar preces e dividir as angústias. Sorrimos nas fotos, nas formaturas, nos nascimentos, das piadas ruins.
Crescemos, desenvolvemos, construímos laços, nostalgia, moradias externas e internas. Acreditávamos que tudo seria para sempre... e é; as nossas lembranças, carinho e autenticidade estão aqui para comprovar. E o melhor disso tudo, é saber que, mesmo que tudo ou nade mude, podemos sempre voltar para casa.