Lá vem chuva!
Ruge o vento, voam as folhas, o céu se fecha. "Lá vem chuva!"; "Agora esfria". Sai correndo para recolher do varal as roupas quase secas.
Os pingos começam mansos, e gradativamente se transformam naquele bater rumoroso nas venezianas.
Os olhos assustados do cachorrinho não compreendem que, com a mesma rapidez que chega, também se vai.
Não durou mais que meia hora. Pareciam aquelas chuvas de verão. No outono, são indicativos de noites mais frias. O inverno quer sempre bater à porta.
Lá fora, as ruas molhadas são a alegria das criancinhas que pisam intensamente nas poças.
O sol volta: bonito e aconchegante; para aquecer os calafrios dos friorentos que já se agasalham com o sutil vento que permanece.
Os pássaros cantam alegres. As folhas estão verdinhas, verdinhas. Dizem que a natureza, depois da chuva, sempre fica mais vistosa.
Conosco (quase) sempre também é assim. Chegam as chuvas, os frios, os tempos nublados. Há quem goste, não os culpo. Já tive minha fase de esse ser meu clima favorito.
Enquanto passam, parecem eternos. "Que saudade do sol e calorzinho!". Quase me esqueço que são as metáforas da vida. Indispensáveis são todas elas.
Se fôssemos só uma, não teria graça. A grandiosidade e dificuldade (é difícil, eu sei) é ver graça em cada estação sentida em pele.
Terminados os ciclos, vêm sempre os resultados. Uma experiência, uma história, folhas a serem varridas; restam os tênues sons dos pingos no chão. "Olhe para o céu!", "Que lindo!". Tudo passa. O que fica é a prosa. E vez ou outra, a poesia.