Uma Vida de Circo - Epílogo

HOJE ESTOU NO CÉU

Resido em Divinópolis, a terra do Divino. Terra que escolhi por adoção e que amo com paixão. Aqui criei meus filhos e raízes. Voltei a fazer teatro e tenho muitos colegas e amigos que estimo. Quase todos são artistas e escritores. Vivo no mundo da poesia, um mundo em que gostaria de ter vivido sempre. Tenho cinco filhos, treze netos e uma bisneta que são a minha grande riqueza. A vida não é uma espécie de serpentina que vai desenrolando sempre igual, apenas ficando mais gasta com o passar dos anos. A vida, a gente descobre mais tarde, é uma soma de muitas etapas do amadurecimento podendo sempre se recomeçar.

Agora vivo sozinha. Aprendi a viver só. Parei de achar que a vida em comum é a única que existe. Descobri vantagem de ser livre para viver como bem entendo, para ir aonde quero e cuidar de mim mesma e em primeiro lugar.

Estou com 89 anos e a verdade é que sou feliz!

-

Este livro para mim é uma glória. Não pensei em chegar a tanto. É um ato de topete e coragem de minha parte desnudar-me perante o público. Olho para trás e vejo esta grande bagagem e digo:

- O brinquedo terminou!

Hoje não viajo mais no circo,

não trabalho no trapézio

não faço deslocação.

Hoje esse tempo é bem distante.

Eu me perco num instante

em que faço uma oração.

Agora não sou mais criança

que vivia de esperança.

O brinquedo terminou.

Meus cabelos branqueando.

É a vida que passou.

(Do livro “Retalhos de Uma Vida” - de Aparecida Nogueira)

fernanda araujo
Enviado por fernanda araujo em 25/12/2007
Reeditado em 25/12/2007
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