Deus e as artes do lar

Não fosse a minha busca incessante em querer aprender sempre, talvez eu estivesse reclamando de lavar tênis. Houve uma fase que qualquer serviço - direta ou indiretamente - doméstico me irritava.

Por graça divina, ter crescido com um pai entusiasmado, que via alegria nas mínimas coisas, fui, aos longos e danosos anos, descobrindo a essência de provar a doçura dos detalhes. Engraçado que "Detalhes" sempre foi a música favorita do meu bom velhinho.

Os anos foram passando, eu fui crescendo e aprendendo que os mais simples gestos podem mudar o nosso humor e nossa ótica. Devo dizer que isso tudo se resume a uma pequena, mas grandiosa palavra: amor.

Jamais imaginei que servir poderia ser tão (ou mais) satisfatório quanto receber. Não é por acaso que o maior homem que existiu, passou por esta terra em forma encarnada para servir.

Lavar tênis não é tarefa doméstica, mas é tarefa que se faz em casa e, tudo que fazemos no lar, ainda mais relacionado à limpeza, parece-nos ínfimos, ou até mesmo comuns. "Ah, é só uma dessas bobagens".

Para mim, o engraçado foi achar graça e alegria nessas bobagens que vêm preencher a minha mente com reflexões de como melhorar como ser humano, filha, amiga, cristã.

Nessas horas eu vejo o quanto a pequenez tem valor e serventia ao meu dia a dia. Talvez, para muitos não seja nada. Para mim, vale as minhas ideias, desabafos, recordações e, obviamente, limpeza: no coração, no olhar, na casa e nos tênis.

Texto escrito na época da pandemia, após a leitura do livro "Deus e as artes do lar", de Pablo Prieto.

Luciana Arima
Enviado por Luciana Arima em 14/10/2023
Código do texto: T7908544
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