O AMOR CONSTRANGE

Nos poucos e frenéticos dias vividos desses trinta e dois anos, apesar de carregar uma bagagem curta - ousaria dizer densa - os dias me mostram, inesperadamente, o quanto ainda tenho a aprender.

Não que eu acredite saber mais do que alguém, mas quase sempre a soberba bate à porta. Nunca deixei, portanto, de acreditar que o extraordinário se esconde no ordinário cotidiano.

As agruras da vida, junto aos percalços, não são espantosos, mesmo que nos desestabilizem e balanceiem: por causa destes, procuramos a melhora, vulgo terapia e autoconhecimento.

Minha rotina atarefada, fracionada num tempo que parece estar cada vez mais veloz, furioso e curto, impediu-me, há alguns dias, de estar presente em certos compromissos. Esse abraço aos deveres e buscas foi responsável pela minha ausência, o que provocou, sem que eu imaginasse, a minha atenção em algumas pessoas.

Jamais desacreditei, profundamente, do amor. Tive meus períodos incrédulos, consequências de atos imaturos, o que me levou à camuflagem; eu, que já possuo uma natureza introspectiva, facilmente retorno aos meus vícios. Não nos enganemos, meus caros, fugir do afeto é tempo perdido.

O amor, sabemos, muitas vezes é banalizado, e se não for alimentado e fortalecido, pode ser corrompido. O amor, nos seus mais diversos feitos, se dispensado genuinamente, constrange.

Como eu dizia, a minha falta num desses lugares, fez com que uma jovenzinha viesse me procurar. Sua doçura, expressada nas objetivas palavras, aqueceu o meu coração. A preocupação, indiscutivelmente sincera, fez-me perceber que o amor se revela, sem dúvidas, nas tremendas trivialidades. Paciente, generoso, bondoso: assim é o amor.

Luciana Arima
Enviado por Luciana Arima em 09/10/2023
Reeditado em 09/10/2023
Código do texto: T7904897
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