Efeito do vinho
O que você tem feito? Tem recebido notícias de si mesmo? Tenho feito muito e talvez nada. Por vezes penso que estou apenas seguindo: a vida, os passos, a massa. Outras vezes, acho que estou fazendo coisas diversas, novas. Mas tenho feito pouca coisa diante das muitas mais que poderia estar fazendo.
O tempo tem passado. Ah, bicho esperto! Nem espera o coração da gente melhorar ou se adaptar; vai logo correndo, seguindo seu percurso sem pensar no ontem. Será que ele está certo? Ora penso que sim, ora penso que não.
Muito tenho errado, pouco acertado. Desisti de certas coisas, busquei tantas outras. Conversei com Deus, com o vento, senti a brisa, observei o nascer e o pôr do sol. Conheci novos rostos, outros diálogos, penetrei em diversas realidades, pouco falei, muito ouvi. E acho ainda que nada sei; não por vaidade ou por vanglória, mas por humanidade: é sempre gentil visitar universos paralelos.
Dali a gente adquire abstratos, concretos, fantasias, existência. Uma coisa que quero é mergulhar no infinito de ideias, de histórias e de conexões recíprocas. Quero me permitir abrir a mente, o coração, os livros e as portas: porque neles moram as narrativas, as descrições, as dissertações, as exposições. Nossa, falei demais. Acho que é efeito do vinho...ou será da poesia?