O Substantivo e suas flexões
As classes gramaticais são o fio condutor da gramática. E, não duvide, o trauma das mentes matemáticas, além de ser um belo caminho de santificação - você sabe que caminho de santificação é tudo aquilo que nos faz testar a paciência, né?
Eu sou do time dos familiarizados com as letras, ainda que não seja uma gramática ambulante.
Fato é que eu, toda e completa melancólica-fleumática (para mais informações, leia sobre temperamentos humanos) possuo embevecimento com a língua portuguesa, embora tenha ojeriza com alguns termos - populares - adotados.
Parece coisa de gente excêntrica. E é, não discordo. Porém, como eu disse, as pessoas cujos temperamentos são os acima ditos, podem, por vezes, ter algumas aversōes. Está bem, está bem, talvez seja só mais uma desculpa, confesso.
Criei essa teoria porque observei que as pessoas dos tais temperamentos - tenho notado - possuem o mesmo comportamento. Qual? Ora, o incômodo. E, no meu caso, incômodo com algumas expressões e falas.
Possuo muitos, diversos. A expressão mais incoveniente - para mim - vem da flexão do substantivo gato.
Amo o animalzinho, não nego. Mas ser chamada de tal substantivo, cujo valor, na conversa, é adjetivo, deixa-me com a famosa cara de quem comeu e não gostou - eis aqui uma expressão feia, entretanto demonstrativa.
O português é lindo demais! (E demais junto, separado ficaria de menos, o que não combina com meu amor pela língua). Tão lindo que, convenhamos, há elogios bem mais corteses.
Além deste, ainda me incomoda o seu diminutivo: gatinha. A que ponto chegaram os cortejos? Devo ser mesmo obsoleta.
Essas divagações ficam sempre nos meus pensamentos. Toda vez que ouvia esse usual adjetivo - pobrezinho, na minha humilde opinião - só conseguia pensar no bichano (que me parece naturalmente orgulhoso) entendendo que sua identidade é motivo de elogio.
Já não bastasse as múltiplas vidas e a sagacidade instintiva, o felino ainda ganha valor adjetivo. A quem ousa discordar de tais pontuações, certamente será tachado manhoso. Pra variar, Erasmo ainda escreveu gatinha manhosa. Logo Erasmo? É, gatinhos não são para os fracos. Será que vale repensar o adjetivo?