A vida é um contínuo quebra-cabeça

Nos últimos dias, tenho gastado fatias homeopáticas de tempo para montar um quebra-cabeça.

Dentre os meus hobbies - que não se limitam somente às atividades inquietas e introvertidas, mas são as favoritas, admito - debruçar sobre uma mesa com pecinhas desorganizadas, prontas a serem montadas, tornou-se uma das minhas terapias.

Apesar de não conseguir dispor de tanto tempo para fazê-lo, já que os meus deveres necessitam ser cumpridos, o pouco que me permite, tem sido bem aproveitado.

A atividade tão conhecida, porém pouca explorada, não é a mais querida entre as gentes. Uma amiga instigou-me a tal feito; de fato, ainda estou longe do seu nível, ainda assim, o estágio básico tem-me causado grande satisfação.

Enquanto separava os pedacinhos (fui descobrindo algumas táticas), no decorrer da montagem, um feito me provocou inquietação: quando tinha certeza ser uma peça, a perfeita no encaixe, minha evidência se esvaiu junto ao descompasso dos buraquinhos.

O nome do jogo, meus caros, faz jus à sua prática; é impossível não quebrar a cabeça, perfeita metáfora. Chamou-me a um despertar, também, a obviedade do desenvolvimento: a segurança de que uma peça, aparentemente de perfeito encaixe ao espaço, não garante ser aquela a certa.

O giro em 360° comprova que nem sempre tudo é o que parece. Isso me levou a pensar na máxima da vida -muitas vezes, uma partícula erroneamente ajustada, desacorda todo um quebra-cabeça.

Essa semana, lendo às respostas (em seu perfil do Instagram) objetivas, inteligentes e profundas do querido professor Rodrigo Gurgel, este disse ser a vida um contínuo quebra-cabeça.

Eu, que há dias mergulhava nas cismas acerca do jogo, concluí minhas ideias. Os pequenos feitos, tão negligenciados e esquecidos no efêmero e esgotável tempo, demonstram sutilmente os enigmas da existência.

As respostas, incansáveis e intensamente procuradas estão, muitas vezes, inseridas no ordinário cotidiano; necessitam, apenas, da meditação e olhar atento nos buracos da fechadura: lá estão, repito, os grandes mistérios da vida.

Luciana Arima
Enviado por Luciana Arima em 30/09/2023
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