A quase morte
Sempre pensei na morte, mas hoje quis viver e agradecer por respirar. Poucos minutos antes de marido chegar sentir uma dor tão desconfortante, cheguei até parar de respirar e quando respirava senti a dor. Era na costela. Não… Talvez mais embaixo ou mais em cima. O fato era que doía e não apenas só doía, mas a cada dois minutos dava uma pontada e pedia para respirar. Batidas no portão; sem respirar, pontadas, doía. Batidas no portão e um "já vai" consegui falar quando respirei. Saí da cama catando o chão com a mão apertando a dor tentando fazer com que ela fosse embora ou pelo menos diminuísse. Respirei, levantei, cambaleei até a cozinha, levantei a mão para o prego, peguei a chave, respirei e segui andando, doído. Pontada, parada. Doído. Batidas no portão e um "já vai" melhorado com pouca dor. Ouviu-se o barulho das chaves, passos pesados e com a mão na costela - Era eu na frente dele - olhou-me recostado na parede com a sobrancelha levantada, abri o portão e a mão ainda jazia na costela. Entrou com a bicicleta e eu saí atrás com a postura ereta novamente; a dor tinha se ido. Pensava: Sorte que não morri.