ONDE ESTÃO AS REFERÊNCIAS?

ONDE ESTÃO AS REFERÊNCIAS?

Avós, pais, tios, primos, alguns irmãos, vários amigos importantes, já morreram. Sobreviventes seguiram outros caminhos ou vivem em planeta longínquo. Naturalmente que mulher, filhos, netos, parentes e novos amigos são poderosos afetos que preenchem e motivam, mas não são propriamente referências ou calorosas lembranças de idos tempos, que restam vivos na memória. Com quem posso reviver certas histórias interessantes de Encantado, Xangri-lá, Capão da Canoa ou dos bailes da Reitoria, noitadas no Encouraçado Botequim, agitos estudantis, peleias profissionais ou embalos dos THE PLATTERS em reuniões-dançantes? Quem lembra vivamente de Toni e Celi Campello? Quais os conhecidos que compraram caramelos com o velho cruzeiro de uma curta mesada? E, aos juristas, pergunto quem foi realmente PONTES DE MIRANDA, com quem fiz curso sobre Atos e Fatos Jurídicos e a quem tive oportunidade de formular questionamentos? E Hely Lopes Meirelles, que foi companheiro de mesa condutora de debate sobre Municipalismo? Tudo passa, pouquíssimo permanece na lembrança. Mesmo que a imprensa registre, a dinâmica do tempo é voraz e implacável. Ninguém lembra, inclusive, que as filhas do Presidente Juscelino debutaram na magnífica Galeria dos Espelhos do PALAIS DE VERSAILLES, França, creio que em 1954, eu ainda era pequeno (mas atento). O problema de ser veterano não é tanto a fadiga dos metais – inevitável – mas a relativa solidão em outro mundo, de referências escassas e evanescente memória.